VILA NOVA SINTRA-O presidente da Câmara Municipal da ilha Brava, Camilo Gonçalves, está preocupado com a actual situação dos jovens retornados dos EUA, que residem naquele município, segundo disse, porque não dispõem de um acompanhamento psicológico permanente, atendendo que a maior parte deles não se sente enquadrado socialmente.Camilo Gonçalves, que falava em declarações à Inforpress, vai mais longe e não vacila mesmo em considerar que os referidos jovens muitas vezes “se sentem como que tivessem saído de uma prisão e entrar noutra”.“Há na ilha uma carência de atendimento psicológico que os pudesse auxiliar no processo de socialização e estabilização”, frisou o edil bravense, admitindo, contudo, que apesar de alguns deles conseguirem emprego – o que lhes fazem sentir enquadrados socialmente –, outros nem por isso, porque face à vida agitada que levavam anteriormente, ao depararem com a tranquilidade da Brava “ficam acumulando coisas com vontade de explodir”, sublinha.Conforme Gonçalves, a ilha dispõe de um gabinete de apoio personalizado aos retornados, com coordenação no Fogo, mas faz já alguns anos que o mesmo não funciona, tendo em conta que a psicóloga que dá assistência aos repatriados encontra-se nos Mosteiros e quase nunca vai a Brava.Entretanto, o autarca adianta que a Câmara Municipal vai ajudando no que poder, embora o facto de existir um défice na comunicação entre o Instituto das Comunidades e o Gabinete de Apoio, ter vindo a suscitar algumas reclamações por parte dos retornados.Sabe-se que, por lei, cabe ao Instituto das Comunidades participar activamente em acções de recepção e acolhimento de retornados, bem como de prevenir e acompanhar as situações de repatriamento forçado, em colaboração com as entidades públicas competentes.Contudo, para Olavo da Cruz, terapeuta ocupacional que durante alguns anos acompanhou os retornados da ilha Brava e do Fogo, a solução para Brava é também nacional, pois, envolve não apenas um acompanhamento técnico, como também social.Conforme Olavo Cruz, esses pressupostos estão directamente inter-ligados ao binómio integração/exclusão, ou seja, à existência de um contexto social, económico e cultural diferente que envolve rupturas sociais.“Não tem que ser somente um acompanhamento psicológico. Deve haver também um suporte social, que abarca os problemas do emprego, habitação, saúde, de forma global e específico”, explica.Para aquele terapeuta, o processo de integração para qualquer retornado não é fácil, porque provêm de países com padrões de vida e contextos diferentes, o que provoca neles uma espécie de aculturação, que poderá ser fácil para uns, difícil para outros.Afora isso, há outros factores também em jogo. Para o chefe da esquadra da Polícia da Brava, Cabral Vaz, o facto de muitos não terem com que se preocupar, uma vez que os pais que continuam emigrados arcam com todas as despesas, cria um vazio ocupacional que acaba por levar esses jovens a se enveredarem para o mundo do crime, da droga e da delinquência, que acaba por denegrir a imagem da pacata ilha Brava.Aliás, todos os responsáveis contactados pela Inforpress, comungam da mesma opinião: A solução desta problemática é de alcance nacional e tem a ver, nomeadamente, com a integração social, profissional e familiar dos jovens que se encontram nesta situação.Enquanto isso, defendem, vai imperando a ameaça de um verdadeiro ambiente de marginalização e de marginalidade em virtude dos vários factores em causa.
SAP CV/Inforpress
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