terça-feira, 18 de agosto de 2009

Russia:Avião russo espera pelos 15 tripulantes na Ilha do Sal

O cargueiro ‘Arctic Sea’ está avariado e a tripulação poderá regressar a casa de avião, disse o director da empresa finlandesa Solchart Management, armadora do navio que foi encontrado hoje pela Marinha russa, depois de estar desaparecido desde 28 de Julho. Os tripulantes já estão a caminho da Ilha do Sal, em Cabo Verde.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou esta noite que o navio foi encontrado a 300 milhas náuticas (380km) do arquipélago, fora das suas jurisdição, e que, segundo informações das autoridades russas, os 15 tripulantes do 'Artic Sea' foram transferidos para o um barco de guerra da Rússia, com destino à Ilha do Sal, onde um avião russo os espera para os levar de volta ao país natal.
“O Arctic Sea está avariado. Começa um trabalho colossalmente pesado para organizar o salvamento do navio e para o pôr em andamento. Depois, será organizado o transporte do navio da região africana onde se encontra, o que é muito difícil e caro”, disse Viktor Matveiev.
O ministro da Defesa da Rússia, Anatoli Serdiukov, anunciou que o Arctic Sea foi encontrado pelo contratorpedeiro da marinha russa Ladnii 300 milhas a sul de Cabo Verde e que a tripulação, composta por 15 marinheiros russos, foi transferida para a unidade naval
Fontes da Solchart Management indicaram que a tripulação do Arctic Sea poderia ser desembarcada do Ladnii num país africano de onde poderá seguir em avião para Arkhangelsk, cidade de origem de todos os tripulantes.
Entretanto, Viktor Matveiev, citado por vários orgãos de informação russos, afirmou que o navio não transportava “cargas proibidas” e desmentiu que tivesse sido pedido um resgate de 1,5 milhões de dólares (1,05 milhões de euros). “Não foi pedido nenhum resgate pelo navio. A polícia finlandesa desmentiu as especulações a esse respeito”, acrescentou.
Ao anunciar que o cargueiro desaparecido tinha sido encontrado, o ministro da Defesa russo afirmou que “a tripulação não se encontrava sob controlo armado”, mas não esclareceu se queria referir que o navio não estava sob sequestro.
O Arctic Sea, de bandeira maltesa e tripulação russa, transportava madeira da Finlândia para a Argélia, onde deveria ter chegado no dia 04 de Agosto, mas desapareceu a 28 de Julho, permanecendo as circunstâncias do desaparecimento e a rota seguida pelo navio envoltas em mistério.
O embaixador russo junto da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Dmitri Rogozin, admitiu, em declarações à agência russa ITAR-TASS, que as autoridades difundiram deliberadamente informações falsas sobre o navio para “não revelar as acções dos militares russos”.
NATO e Rússia estiveram juntas nas buscas
O misterioso desaparecimento do ‘Arctic Sea’, quando fazia o trajecto entre a Finlândia e a Argélia, levou a Rússia e a NATO a juntarem forças nas buscas no mesmo dia em que surgiram as primeiras notícias acerca do alegado pedido de resgate feito junto do prorietário. Mais de 20 países estiveram a ser regularmente informados sobre os esforços de salvamento do navio de carga.
O navio com bandeira de Malta deixou a Finlândia, no dia 23 de Julho, a caminho do porto de Bejaia, na Argélia, carregando uma carga de cerca de 6700 metros cúbicos de madeira, com um valor estimado de 1,16 milhões de euros.
Um dia depois da partida, oito a dez homens mascarados terão abordado o navio, quando este seguia entre as ilhas suecas de Oland e Gotland, no mar Báltico, revelou a polícia sueca dias depois do incidentes. Argumentando pertencerem à polícia anti-droga, os mascarados amarraram a tripulação e efectuaram buscas ao navio, abandonando-o 10 a 12 horas depois da abordagem e libertando a tripulação.
O último vestígio do ‘Arctic Sea’ fora registado no canal da Mancha, nas primeiras horas do dia 30 de Julho. Na quinta-feira, o porta-voz da Comissão Europeia, Martin Selmayr, disse que aparentemente o navio terá sido atacado uma segunda vez, ao largo da costa de Portugal, mas não adiantou mais detalhes, “de modo a não comprometer as investigações das autoridades”. Contudo, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, negou que alguma vez o navio tenha passado por águas territoriais lusas.
Antes do anúncio da descoberta do navio, por parte da Marinha russa, os mais recentes relatos de oficiais de Cabo Verde e França já indicavam que o ‘Arctic Sea’ se encontrava a 400 milhas náuticas (740 quilómetros) de uma das ilhas do arquipélago.
Ainda está por explicar o que realmente aconteceu. Peritos têm avançado com várias hipóteses para o alegado sequestro, algo raro nas águas europeias: pirataria, guerra de máfias ou disputa comercial.
Sem carga secreta radioactiva
A Autoridade finlandesa de segurança nuclear (Stuk) garantiu também que o ‘Arctic Sea’ não tinha a bordo qualquer carga secreta radioactiva, pois a inspecção com um medidor de radioactividade, efectuada antes da partida do navio, no porto de Pietarsaari, nada detectou.
“Pensar que poderia haver material radioactivo na carga é uma ideia absolutamente estúpida. Não há qualquer motivo para pensar isso. Foram feitas medidas com um simples contador de radioactividade e nada foi detectado”, afirmou o director da Stuk, Jukka Laaksonen.
Este responsável finlandês negou desta forma os artigos da comunicação social do Reino Unido e da Finlândia segundo os quais um carregamento secreto e radioactivo a bordo do ‘Arctic Sea’ poderia estar na origem do alegado ataque registado ao largo da Suécia e do posterior desaparecimento da embarcação.
“Um bombeiro imbecil que não conhece nada de radiação teve a ideia [de media a radioactividade], mas quando foi fazer a verificar evidentemente que nada encontrou”, vincou Laaksonen, adiantando que na Finlândia os bombeiros estão autorizados a fazer medições de radiação.
DN.PT

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