sábado, 1 de agosto de 2009

EUA:Questão racial obriga a "cimeira da cerveja"

Em outras circunstâncias, este teria sido um caso fácil de resolver. No entanto, a 'cimeira da cerveja' a que o presidente Barack Obama se submeteu não lidava com o ego ofendido de dois homens, mas com o explosivo tema da raça. Beber cicuta na Casa Branca teria sido tão perigoso como beber estas inocentes cervejas.
Na origem da extravagante 'cimeira' esteve a detenção, a 16 de Junho, de um professor de Direito em Harvard, Henry Louis Gates, de raça negra. O académico foi detido pelo sargento James Crowley, um branco, que respondera a uma chamada sobre um assalto.
Afinal, Gates esquecera-se da chave e tentava arrombar a porta da própria casa. Ao ser detido, acusou a polícia de racismo e o caso engrossou. Obama foi envolvido neste assunto ao classificar de "estúpida" a detenção de Gates, um professor seu conhecido. No fundo, a ideia do Presidente era sublinhar que a detenção não teria acontecido a um professor branco. A declaração provocou um vendaval mediático e, para a Casa Branca, a única solução foi juntar os dois homens.
Nas imagens disponíveis do encontro a quatro, foi possível ver um Obama bem-disposto e um vice- -presidente Joe Biden descontraído. O sargento da polícia James Crowley estava com cara de poucos amigos, mas não era para menos: não é todos os dias que um modesto agente de Cambridge Massachusetts, é convidado para ir beber um copo com o Presidente. O professor de Harvard não se vê muito bem nas fotos, mas adivinha-se certo embaraço.
A forte carga politicamente correcta do encontro foi visível também na escolha das bebidas oferecidas. O professor de Direito bebeu uma Sam Adams Light (de Boston, a única nacional); o polícia optou por uma Blue Moon; o vice-presidente escolheu uma cerveja não alcoólica e Obama optou por uma Bud Light, não deixando de ouvir críticas por não ter oferecido apenas cervejas americanas.
Obama classificou a 'cimeira da cerveja' de "amigável" e o sargento Crowley explicou, numa conferência de imprensa na sede do seu sindicato, que tinham falado sobretudo do futuro "e pouco sobre o passado". Não houve pedidos de desculpa e o encontro durou 40 minutos.
DN por Luis Naves

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