sexta-feira, 11 de junho de 2010

CV DIÁSPORA PORT:Várias gerações de músicos e cantores cabo-verdianos homenageiam Bana

LISBOA-Várias gerações de músicos e cantores cabo-verdianos sobem hoje à sala principal do Teatro São Luiz, em Lisboa, num espectáculo de homenagem ao cantor cabo-verdiano Bana.
Celina Pereira, Dany Silva, Mayra Andrade, Leonel Almeida, Bino Barros e Banda, Rita Lobo e Armando Tito são alguns dos 13 artistas convidados que participam no espectáculo, que tem a particularidade de assinalar a estreia da filha de Bana – Luz Maria – nos palcos.
Morgadinho, que vem expressamente de Cabo Verde para participar no espectáculo e que esteve com Bana na formação do grupo Vozes de Cabo Verde, e Luís Fortes, que vive na Holanda, são outros dos convidados que participam no espectáculo, em que participarão 13 músicos.
Em declarações à agência Lusa, Bana disse estar muito feliz com a iniciativa, que visa assinalar o “grave problema de saúde” que ultrapassou há cerca de um ano.
Para o cantor – que também irá actuar –, será “um momento muito especial” que lhe permitirá rever amigos e assistir à estreia da filha em palco.
“Muita, muita morna” foi a promessa deixada por Bana para o espectáculo de sexta-feira, acrescentando, porém, que no palco do São Luiz não deixarão de se ouvir outros ritmos cabo-verdianos como coladera, funaná ou kola san jon.
Questionado pela Lusa sobre se tenciona voltar aos palcos a solo, Bana disse que não. Apesar de estar “muito feliz” com esta oportunidade, disse que voltar ao palco a solo “será difícil”.
“Este espectáculo é um bom momento para desfrutar da linda voz do Bana, que foi o maior embaixador da música e cultura cabo-verdianas em Portugal e que sempre tencionou voltar ao palco quando ultrapassasse o problema de saúde”, disse Celina Pereira à Lusa.
Acrescentou que Bana foi um importantíssimo divulgador da música, cultura e gastronomia cabo-verdianas em Portugal.
Para isso muito contribuíram as noites “inesquecíveis” do restaurante Monte Cara, que o Bana tinha ao Rato, e onde se comia uma “verdadeira cachupa, já que a linguiça e o milho eram importados de Cabo Verde”, sublinhou Celina Pereira.
Para a cantora cabo-verdiana, este espectáculo reveste-se de especial importância, já que foi pela mão de Bana que começou a actuar em público nos saraus do cinema Éden do Mindelo.
E foi também na etiqueta de Bana que nos anos 1970 gravou o seu primeiro EP.
Celina Pereira sublinhou ainda a importância que Bana assumiu na divulgação da música tradicional cabo-verdiana em Portugal, nomeadamente de nomes como Cesária Évora, Tito Paris e Paulino Vieira.
“Hoje têm carreiras independentes, mas foi Bana quem os deu a conhecer em Portugal”, enfatizou.
“Um encontro de gerações e de amigos com a inesquecível música de Cabo Verde como fundo” foi como Miguel Anacoreta Correia, organizador do espectáculo, definiu a iniciativa, cujas entradas estão já esgotadas.
Sobre se pondera a realização de um segundo espectáculo em Lisboa, Miguel Anacoreta Correia disse que não está previsto, mas não inviabilizou a possibilidade de repetir esta homenagem em outras cidades.
PERFIL-BANA
Adriano Gonçalves, Bana, nasceu no dia 5 de Março de 1932, no Mindelo, ilha de S. Vicente, em Cabo Verde.

Bana veio de uma família humilde e foi a sua voz quem começou a traçar o seu destino. É em Dakar que trava conhecimento com Frank Cavaquinho, Tói de Bibia, Luís Morais, Morgadinho e Jão de Lomba. Mais tarde, formam o famoso conjunto Voz de Cabo Verde, na década de 60.
O grupo rapidamente notou a voz invulgar de Adriano. O músico era dono de uma entoação e postura única. B.Leza, célebre compositor e poeta, ficou particularmente encantado e apresentou-o numa digressão que a Tuna Académica de Coimbra efectuou por São Vicente.
Foi nos anos 60 que saiu pela primeira vez de Cabo Verd para actuar no Dakar. Aqui começou a somar sucessos através de espectáculos e participações na Rádio. Bana encontrava-se cada vez mais próximo do seu primeiro disco. No entanto, tinha que conciliar a música com outro trabalho.
Com o grupo ou só, passou a actuar em Lisboa, nos EUA e na Holanda. A sua vida acompanhava o ritmo da sua carreira musical. Ambas iam-se consolidando. Desta forma, Bana, montou um pequeno negócio de lavandaria no Mindelo, apesar da música exigir viagens constantes.
Bana expande-se numa carreira profissional de grande prestigio o que lhe leva a consumar uma nova aspiração, o ínicio de uma breve experiência na Indústria discográfica Portuguesa começando assim a produzir os seus próprios trabalhos discográficos com êxito, adquirindo 38 registos discográficos (CD's).
Entre as gravações discográficas é convidado a participar em filmes que na época estreou em algumas partes da Europa nomeadamente: Holanda, Alemanha, Itália, França etc., culminando assim a sua popularidade.
Ao abraçar a fama, Bana teve de carregar nos ombros a responsabilidade de não desiludir o seu povo, a sua Terra Natal e os seus fãs que o adoram. Bana é reconhecido pela sua voz potente, sensibilidade, garra e solidariedade.
Ao longo do seu percurso artístico, o cantor, apoiou muitos aspirantes a músicos a tornarem o seu sonho realidade. Bana investiu, apadrinhou e formou músicos conceituados como, Cesária Évora, Tito Paris, Paulino Vieira, entre outros, com menos popularidade.
Ele é visto como o embaixador da música Caboverdiana, por espalhá-la pela Europa e pela África. Bana já foi reconhecido com várias condecorações e homenagens, quer em Cabo Verde, quer no estrangeiro.
SAPO.CV/INFORPRESS.CV/LUSA.PT

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