terça-feira, 1 de junho de 2010

HOLANDA:Holandesa diz que carga do comboio a Gaza foi inspeccionada


O comboio de navios que levava suprimentos para Gaza, atacado esta manhã por soldados israelitas, tinha sido verificado para cargas perigosas. Foi o que informou a holandesa Anne de Jong, que viaja em um dos navios. No ataque, pelo menos dez pessoas morreram.
Anne de Jong é uma dentre dois holandeses que se uniram às centenas de activistas a bordo dos seis navios que estavam a caminho de Gaza. Ainda não se sabe se ela foi ferida no confronto.
No início da manhã, os comandos israelitas subiram no maior navio da flotilha. As duas partes se acusam de ter começado a atirar.
Pirataria?
Desde então, não se ouviu nada de Anne de Jong, diz Vivian Korsten, sua pessoa de contacto. O fato é que De Jong não estava a bordo do navio turco onde houve vítimas fatais. Os navios foram levados para o porto israelitas de Haifa.
“Os navios estavam a mais ou menos 65 quilómetros da costa de Gaza”, diz Vivian Korsten. “Isto significa que ainda estavam em águas internacionais, e se eu entendo o Direito Internacional, o embarque de comandos israelitas, sem terem sido convidados a bordo, é caracterizado como pirataria.”
Mas não se trata de pirataria, segundo o professor Smele, especialista em Direito Marítimo da Universidade Erasmus, de Roterdão. Piratas negociam para ganho próprio, e neste caso trata-se de uma acção do Estado israelitas por questões de segurança interna do país. Smele fala de um “ato inimigo”.
Anne de Jong partiu de Chipre no domingo com o comboio, a flotilha Gaza Freedom, juntamente com centenas de outros simpatizantes, para levar suprimentos para Gaza. Uma acção que intencionava ser um gesto internacional para os habitantes de Gaza, que passam necessidades devido ao fechamento das fronteiras por Israel.
”Nós não temos absolutamente nada a bordo que ameace a segurança de Israel”, disse Anne de Jong em entrevista concedida anteriormente à Rádio Nederland. “Cada passageiro e toda a carga foram inspeccionados pela polícia local no porto. Tudo o que temos a bordo são suprimentos e material para ajudar na reconstrução de Gaza.”
Resistência não-violenta
Anne de Jong é doutoranda na Escola Oriental de Estudos Africanos, em Londres e contou à Rádio Nederland que decidiu participar da frota Gaza Freedom porque acha que o trabalho académico não deve ser limitado a escrever artigos. De Jong enfatizou que jamais utilizaria violência:
”Nós não nos entregaremos espontaneamente a Israel, pois esta é uma missão para Gaza. Não entraremos águas israelitas. Se eu for levada para Israel, é contra a minha vontade e farei resistência não-violenta contra isso.”
Alerta
Israel diz que os activistas receberam um alerta para não ir para Gaza. Os navios tinham que ir para o porto israelitas de Ashdod, onde a carga poderia ser controlada. Segundo um porta-voz do governo israelitas, a flotilha tinha como objectivo principal apoiar o movimento radical Hamas e a marinha israelitas queria evitar que o comboio “ilegal” de ajuda alcançasse o porto de Gaza.
O canal árabe Al-Jazeera reportou anteriormente que a flotilha havia mudado seu curso para evitar um confronto com a marinha israelitas.
O governo turco está furioso com a acção de Israel. A maioria das vítimas fatais é de origem turca. Ancara advertiu para “consequências irreversíveis”. Em Istambul, activistas reuniram-se esta manhã em frente ao consulado israelitas. Eles tentaram invadir o prédio, mas foram barrados.
O movimento palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, também reagiu com fúria, chamando árabes e muçulmanos para protestos diante de embaixadas israelitas em todo o mundo.
RNW- Por Sebastiaan Gottlieb

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