A vantagem de um só lugar obtida nas eleições legislativas holandesas de ontem pelos liberais, em relação aos trabalhistas, faz prever prolongadas negociações para que se forme uma coligação.
"Somos quem mais ganhou", celebrou Wilders (Robin van Lonkhuijsen/Reuters)HAIA-Os austeros liberais conservadores de Mark Rutte, 43 anos, ficam com 31 dos 150 deputados, segundo os resultados provisórios, quando estão escrutinados quase todos os boletins de voto, e os trabalhistas com 30. Mas a grande surpresa deste acto eleitoral foi o facto de em terceiro lugar ter surgido, com 24 lugares, o Partido da Liberdade (PVV), de Geert Wilders, que não quer na Holanda mais mesquitas nem mais imigrantes de fora da Europa.
Quanto ao partido democrata cristão CDA, do primeiro-ministro cessante, Jan Peter Balkenende, desceu da primeira para a quarta posição. Ou seja, de 41 para 20 deputados, em grande parte pela sua participação no esforço de guerra no Afeganistão, onde as tropas holandesas perderam dezenas de homens, tendo sido esse o motivo que em Fevereiro fez cair o Governo e originou legislativas antecipadas.
Jan Vis, antrigo membro do Conselho de Estado, comentou que “a paisagem política mudou dramaticamente, sendo agora muito mais difícil governar e formar coligações, com a eventualidade de ter de se voltar às urnas daqui a um ano”.
Formar governo será “incrivelmente difícil”
Philip van Praag, professor de Ciências Políticas na Universidade de Amesterdão, considera de igual modo que a formação do próximo gabinete será “incrivelmente difícil”, tendo dito ao jornal diário “AD” que os liberais terão uma grande tarefa para se tentarem coligar com os trabalhistas e eventualmente, também, com os Democratas 66 e com a Esquerda Verde, duas formações menores.
No meio de toda esta confusão, o PVV anti-islão mostra-se eufórico, ao passar de nove para 24 lugares no Parlamento, com 15,5 por cento dos votos totais, e manifestar a esperança de vir a ser chamado a entrar num qualquer arranjo governamental que se forme durante as próximas semanas.“O impossível aconteceu. Somos quem mais ganhou. A Holanda escolheu mais segurança, menos crime, menos imigração e menos islão”, disse o xenófobo Wilders numa celebração transmitida pelas câmaras televisivas.
Estado de espírito diametralmente oposto é o dos democratas cristãos, em cujas fileiras Balkenende já se demitiu da liderança do CDA e Peter van Heeswijk da presidência do partido, que foi o grande perdedor destas eleições.
Quanto ao Partido Socialista, defensor de um socialismo democrático, perdeu nove lugares, tendo descido de 25 para 16 e ficado na quinta posição de um Parlamento muito fragmentado. Depois dele, tanto os Democratas 66 (defensores de um liberalismo social) como a Esquerda Verde ficam com 10 deputados cada, pelo que se se juntassem aos liberais de Rutte e aos trabalhistas conseguiriam o controlo de 81 dos 150 deputados, uma maioria suficiente para governar.
A afluência às urnas foi de 74 por cento.
http://www.publico.pt/Mundo/liberais-holandeses-conseguiram-apenas-mais-um-deputado-do-que-os-trabalhistas_1441343
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.