Um relatório das Nações Unidas adverte que o crime organizado está a tornar-se global e representa uma ameaça à paz internacional e à soberania dos Estados.
O estudo refere que criminosos usam armas, violência e subornos para influenciar eleições, políticos e até militares.
As Nações Unidas consideram que o crime organizado é um dos principais poderes económicos e armados do mundo e referem que as autoridades estão a fracassar na manutenção da paz.
O estudo foi levado a cabo pelo Escritórios das Nações Unidas sobre a Droga e o Crime, UNODC.
Em entrevista à BBC, o seu director-executivo, o italiano António Maria Costa, disse que o crime organizado prejudica gravemente os países que afecta.
Ameaça
"O principal objectivo do crime organizado é fazer dinheiro! Mas, como parte do processo, os seus praticantes devem usar as regiões e as rotas que oferecem menor resistência", referiu António Maria Costa .
Segundo explicou "estas incluem países fracos tanto em termos de administração como dos sistemas judiciais, e que são mais vulneráveis à corrupção."
Como defendeu "quando o crime organizado influencia presidentes ou os seus familiares, também influencia ministros, oficiais que executam as leis, agentes fronteiriços, corrompendo, desta forma, o poder. Em vários países são negociadas fraudes eleitorais."
"A ameaça estratégica está presente porque o crime organizado, uma vez estabelecido numa região, torna-se num enorme obstáculo tanto para o seu desenvolvimento quanto para a estabilização dos países afectados", concluiu.
Mudança de foco
Segundo Costa, a melhor resposta ao crime organizado reside no desenvolvimento e na potenciação da segurança, a longo prazo, e numa maior colaboração entre os países, a curto prazo.
Mas o director executivo da UNODC lançou um apelo com vista à introdução de mudanças no combate ao crime organizado.
"Actualmente, o foco está na execução da lei e na tentativa de desmantelar os grupos. È nobre mas, uma vez desmantelado, o criminoso ou grupo de crime organizado que é detido ou fisicamente eliminado acaba por ser rapidamente substituído", frisou.
Segundo alertou "o relatório centra-se no desmantelamento dos mercados, das transacções que ditaram a sua fundação e nos esforços para reduzir a procura de mercadorias ilícitas e não apenas na oferta."
O relatório refere que as autoridades devem combater tanto os mercados ilícitos quanto os gangs de criminosos e lança um apelo com vista a aplicação de medidas mais eficazes contra a lavagem de dinheiro.
http://www.bbc.co.uk/portugueseafrica/news/story/2010/06/100618_globalcrimevg.shtml
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