terça-feira, 16 de junho de 2009

ESPANHA:DEPUTADOS DEBATEM TRANSFERÊNCIAS DE RONALDO E KAKÁ

MADRID-As recentes contratações milionárias de Cristiano Ronaldo e Kaká pelo Real Madrid mereceram a crítica de vários deputados espanhóis, que questionaram a "ética" e a "estética" das mesmas, especialmente em época de crise. No entanto, reconheceram igualmente que estas transferências não podem ser reguladas politicamente.
Na sessão desta terça-feira do Congresso de Deputados em Madrid foi apresentada pelos verdes (ICV) uma proposta que insta o Governo a "tomar a iniciativa a nível europeu para limitar as retribuições dos desportistas profissionais", mas a ideia não conta com o apoio da maioria dos parlamentares.
Mesmo que contratações como as de Cristiano Ronaldo e Káka - em conjunto, custaram 160 milhões de euros - sejam pouco éticas tratam-se de decisões privadas sobre as quais não se pode legislar.
"Se um clube de futebol se quer suicidar contratando um senhor por 100 milhões de euros, o problema é seu, não dos espanhóis. Terá que prestar contas aos seus sócios", defendeu a deputada Célia Villalobos (PP), 4.ª secretária do Congresso, considerando que as contratações e os salários não se podem limitar porque estão "no mercado livre".
No entanto, Soraya Sáenz de Santamaria, porta-voz parlamentar do PP, pediu que o primeiro-ministro, José Luís Rodríguez Zapatero, se pronuncie sobre o tema, acrescentando que o tema deve ser debatido na sub-comissão pertinente do Congresso.
Outros deputados, como Josep Sánchez Llibre (CiU), partilham da mesma opinião, lembrando que existem "poucos mecanismos legislativos para poder limitar a capacidade privada das entidades desportivas". Isso apesar de "provavelmente ser pouco ético ou estético pagar quantidades tão elevadas para algumas contratações".
Para Joan Ridao, da ERC, o debate deveria ser feito mais no campo ético e moral do que no campo legislativo e político. Para além de afetarem o mercado "e as regras do que deveria ser algo mais lógico e em parâmetros mais humanos", estas contratações podem não respeitar sequer as directivas europeias no campo da concorrência, mas não pode haver legislação que as condicione.
Josu Erkoreka (PNV) considera que seria "muito útil adoptar medidas tanto internas como no âmbito internacional" que travem gastos que "não são produtivos, não estão na boa linha da economia, constituem um elemento perturbador para o desenvolvimento económico harmonioso e não têm benefícios sociais evidentes".
RECORD

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