sexta-feira, 7 de agosto de 2009

CPLP:Analistas consideram que estratégia lusófona da China é vantagem em Angola face a Washington

MACAU-A estratégia e o empenho de Pequim em fortalecer os laços com a lusofonia traz vantagens aos interesses chineses em Angola face aos americanos, defende Glória Batalha, do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM).Em declarações à Lusa, a directora do departamento de cooperação externa do IPIM considera que este posicionamento privilegiado da China em Angola "está relacionado com o trabalho de Macau enquanto plataforma de ligação".
Glória Batalha sublinha o papel "determinante" de Macau no estreitamento das relações entre China e Angola devido a factores linguísticos, culturais, humanos e económicos decorrentes dos 400 anos de administração portuguesa.
Mas "o importante não é competir neste mercado africano, mas a China continuar a desenvolver a sua presença", realça.
Por outro lado, o director do departamento de apoio ao investidor do IPIM, Thomas Ng, salienta que "Angola é um mercado que ainda está a ser descoberto, mas que é certamente a grande aposta da China para os próximos anos" no contexto da lusofonia.
É a corrida ao "ouro negro" que vira as atenções do gigante asiático e também dos Estados Unidos para Angola, constata Thomas Ng ao sublinhar a "dependência da China face aos recursos petrolíferos, imprescindíveis para o desenvolvimento do país".
A busca por recursos naturais para alavancar o desenvolvimento levou a China a abrir-se ao mundo e, em particular, aos países de língua portuguesa, a maioria com economias emergentes e ricos em matérias-primas.
"Alia-se o útil ao agradável, a China ajuda estes países a desenvolverem-se oferecendo ‘know-how', tecnologia e conhecimento e aqueles, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento da China", sublinhou Glória Batalha.
Apesar de reconhecer que "Macau sempre funcionou como plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa", a responsável constata que "depois da transição (em 1999) esse papel foi incrementado", em linha com a estratégia do Governo de Pequim.
Por isso, "tanto em Angola, como nos restantes países de língua portuguesa ainda há muito a explorar pela China", considera.
O IPIM, cumprindo a estratégia do Executivo de transformar Macau numa plataforma com o mundo lusófono, tem desenvolvido um trabalho de promoção desses mercados junto dos empresários chineses, dando-lhes a conhecer as oportunidades de negócio a explorar.
Como balanço, Thomas Ng refere que o Brasil foi o mercado onde se verificaram os maiores frutos do trabalho e acrescenta que o próximo será Angola, onde estão a ser aplicados os esforços e investimento chinês.
O gigante asiático já tem em Angola o seu principal fornecedor petrolífero africano - 599 milhões de barris em 2008, no valor de 59,9 mil milhões de dólares (41,7 mil milhões de euros), segundo dados da Agência Internacional de Energia.
Juntos, EUA e China recebem actualmente 90% das exportações petrolíferas angolanas que, por sua vez, contribuem com mais de 80% do PIB e 83% das receitas do Estado (2008).
Em 2007, uma quebra de cerca de 17% nas exportações para Angola fez com que os EUA fossem ultrapassados pela China e Brasil como principais fornecedores comerciais a Luanda, numa lista liderada por Portugal.
Oje/Lusa

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