A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, usou ontem o primeiro dos seus três dias na África do Sul para falar sobre o vizinho Zimbabwe. Após anos de alguma tensão entre os dois países sobre o dossiê zimbabwiano, as diferenças parecem pertencer ao passado. Mais tarde, Clinton encontrou-se com o ex-presidente Nelson Mandela.
"Trabalhamos juntos para que se realize a visão de um Zimbabwe próspero, livre e democrático", afirmou a secretária de Estado depois de se reunir em Pretória com a ministra da Cooperação e das Relações Internacionais sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane.
Para os EUA, a posição do ex- -presidente da África do Sul Thabo Mbeki (1999-2008) em relação ao Chefe do Estado do Zimbabwe, Robert Mugabe, era demasiado conciliadora. No poder desde 1980, Mugabe assinou em Setembro de 2008 um acordo de partilha do poder com Morgan Tsvangirai, que assumiu o cargo de primeiro-ministro. Mas o país continua mergulhado numa crise económica sem precedentes, com 94% da população activa no desemprego. Clinton garantiu que o Presidente Barack Obama está desejoso de trabalhar com o seu homólogo, Jacob Zuma.
"A África do Sul está muito próximo do Zimbabwe e tem muitos contactos com figuras influentes da sua política, pelo que falámos sobre como podem actuar produtivamente para melhorar a vida dos zimbabweanos", disse Hillary Clinton em conferência de imprensa, lembrando que este é também um problema sul-africano, já que o país recebe muitos refugiados do Zimbabwe. "Vamos consultar-nos para definir a forma de responder a uma situação muito difícil para a África do Sul e para os EUA, mas também principalmente para o povo do Zimbabwe."
Mas a agenda do encontro não ficou completa sem uma referência à sida - a África do Sul tem 5,7 milhões de infectados, o número mais elevado do mundo. A política do ex-presidente Mbeki caracterizou-se pela negação do programa, mas o Governo de Zuma pôs em acção um novo plano de prevenção e tratamento, com o auxílio dos norte-americanos.
Horas depois, Hillary Clinton encontrou-se durante meia hora com o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, de 91 anos, revelando ter-se sentido "inspirada" pelo homem que lutou contra o apartheid. Na casa de Joanesburgo do prémio Nobel da Paz, a secretária de Estado teve oportunidade ler algumas das cartas que Mandela escreveu durante os 27 anos que passou na prisão. "Isso inspira-me uma admiração ainda maior pelo seu trabalho e uma afectividade ainda maior por este grande homem", afirmou.
Hoje, no segundo dia da sua visita à África do Sul, a secretária de Estado norte-americana deverá reunir-se com o Presidente Jacob Zuma em Durban. Amanhã, deverá partir para Angola, terceira paragem do seu périplo africano - o primeiro desde a eleição de Barack Obama. Seguem-se a República Democrática do Congo, a Nigéria, a Libéria e Cabo Verde, de onde regressa depois a Washington.
DN-Por Susana Salvador
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