PRAIA-A Câmara Municipal da Praia entendeu que a solução para requalificação da capital passa pelo encerramento da rua 5 de Julho ao trânsito de veículos tornando-a numa rua pedonal. Um investimento de quase quarenta e dois mil contos com o qual a edilidade pretende transformar a referida rua num atractivo comercial, cultural e turístico para a cidade.
No acto de lançamento da primeira pedra o presidente da autarquia, Ulisses Correia e Silva disse que o objectivo é devolver a Praia aos pedestres transformando a rua no “pulmão da cidade”. Declarou ainda ao SAPO que esta a ouvir a Associação Comercial de Sotavento e moradores sobre o condicionamento do trânsito e melhor articulação das suas actividades. A obra começa de imediato e consiste na pavimentação da rua com calcetamento artístico, colocação de equipamentos urbanos diversos e iluminação baseado em energia solar. Veja as imagens virtuais do projecto. Fonte site da Câmara municipal.
A histórica rua do futuro
A rua 5 Julho é uma das mais movimentadas da capital cabo-verdiana, um centro de negócios onde estão situadas as mais diversas empresas e algumas instituições. A rua com o nome da data da independência nacional é sobretudo um ponto comercial diversificado e fulcral da cidade onde se vende desde mobiliário a electrodomésticos, material de construção, sapatos, roupas e fruta. Situa-se ainda nessa rua pensões, restaurantes e o mercado municipal, bem como algumas das principais paragens de autocarros do Plateau. Trata-se igualmente duma rua com história e moradores antigos, famílias que ali vivem de há muitas gerações resistindo a forte procura da imobiliária comercial.
Moradores da rua
Paula Carvalho, moradora dessa rua, dá os parabéns a câmara e afirma que há muito esperava esta iniciativa que considera trazer só vantagens para moradores, munícipes e comerciantes. No mesmo sentido a comerciante Fabiula Barreto, auto-denominada “filha dessa rua”, diz-se “100 por cento feliz” com o projecto que considera um sonho realizado que irá aumentar o movimento comercial e maior qualidade de vida para os seus filhos que passam a poder circular sem perigo de atropelamento.
Pedro Sousa Lobo, morador veterano do Plateau afirma que já era tempo dessa mudança que classifica de muito boa. Tomé Barreto considera que a obra irá trazer emigrantes e turistas ao Plateau e motivar os moradores a cumprir o pedido da Câmara para pintarem as fachadas dos edifícios. Alguns moradores temem pelo arrastar das obras e aguardam melhor informação sobre os horários de acesso das suas viaturas.
O outro lado da moeda
Nem todas as opiniões são favoráveis. Fáfá, vendedeira há quarenta anos no mercado e parte das colegas reclamam da falta de esclarecimentos e dizem que o corte de trânsito irá prejudicar as vendas pois nem elas nem os clientes estão dispostos a “transportar cargas a cabeça”. Muitos praienses consideram que a cidade não tem condições para fechar ruas ao trânsito e que esta obra ira aumentar o congestionamento, diminuir os locais de estacionamento e complicar as compras, bem como, a carga e descarga de materiais. A Câmara Municipal diz que distribuiu folhetos informativos, que haverá horários para abastecimento das lojas e que o problema do estacionamento esta equacionado passando a solução pela construção de estacionamento por pisos em terreno já identificado para o efeito.
Visão de Jacinto Santos
De acordo com Jacinto Santos o antigo presidente da Câmara Municipal da Praia “toda a requalificação é bem-vinda mas deve salvaguardar o que já existe”. O ex-autarca propõe a criação de um corredor de trânsito profissional para táxis e afins poderem transportar clientes. Considera que será complicado sem carro a entrada de grupos de hóspedes e respectivas bagagens nas residenciais, bem como o transporte manual de compras como louças sanitárias, exemplo de muitas mercadorias a venda nas lojas dessa rua. Considera que, resolvidos esses itens, a requalificação pretendida deverá trazer mais qualidade de vida e animação cultural à zona.
SAPO.CV
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