quarta-feira, 2 de setembro de 2009

AFRICA DO SUL:Concessão de asilo a branco sul-africano considerada "racista"

O Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na África do Sul desde 1994, considerou hoje "racista" a decisão do governo canadiano de conceder asilo político a um cidadão branco sul-africano.
As autoridades de Otava concederam o estatuto de refugiado a Brandon Huntley, oriundo de Mombray, Cidade do Cabo, depois de este ter alegado que receava ser perseguido na África do Sul pelo facto de ser branco, ilustrando os seus receios com sete agressões de que foi alvo no seu país por negros, incidentes de violência contra familiares e uma colecção de recortes de jornais sul-africanos.
A notícia da concessão de asilo a Huntley, que foi segunda-feira noticiada em primeira mão pelo portal de notícias News24.com, originou um aceso debate sobre o racismo na África do Sul pós-apartheid e a situação dos brancos no país, subalternizados no acesso ao mercado de trabalho e à educação pelas leis em vigor de acção afirmativa.
Os argumentos apresentados pelo emigrante sul-africano Brandon Huntley, que estava em situação ilegal no Canadá, prendem-se com agressões repetidas por homens de cor que, segundo ele, lhe chamaram "cão branco" e "colono" em várias ocasiões, bem como exemplos de violência perpetrada contra membros da sua família.
Huntley acusou igualmente a polícia sul-africana de não ter actuado em sua defesa durante os referidos incidentes.
Para um porta-voz do ANC, no entanto, é a decisão do magistrado canadiano que é "racista" e que "perpetua o racismo".
Ronnie Mamoepa, porta-voz da ministra do Interior sul-africana, classificou as alegações do novo refugiado como "sensacionalistas, alarmistas, e racistas", em face dos esforços do governo em combater a criminalidade e proteger os seus cidadãos, independentemente da raça.
"O governo ficou indignado pela decisão de conceder asilo ao nosso cidadão com base em alegações infundadas contra o nosso povo e o nosso país. Teríamos preferido que o governo canadiano tivesse tido a cortesia de permitir que o nosso governo respondesse às alegações", concluiu Mamoepa.
Mas para a associação de defesa dos direitos políticos e cívicos sul-africana Afriforum, "o governo deveria olhar para este caso à luz da seriedade".
"O cadastro sul-africano no campo dos direitos humanos já sofreu danos consideráveis em resultado do incontrolável crime no país, e o que agora se exige é que seja nomeada uma equipa de peritos de todos os grupos minoritários para que sejam investigados em profundidade os receios que levam à emigração", sugeriu Willie Spies, do Afriforum.
LUSA/DN.PT

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