PARIS-Irina Bokova é a nova directora geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e a primeira mulher a assumir o cargo. A diplomata búlgara derrotou o ministro da Cultura do Egipto, Farouk Hosni, indicou a porta-voz da agência da ONU sediada em Paris, citada pela agência Lusa. O candidato recolhia o apoio do Estado português contra a opinião do embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, que se recusou a votar e delegou a missão num funcionário da embaixada.
Ontem, na quinta e última ronda de votações para o cargo, Irina Bokova arrecadou 31 votos contra os 27 de Farouk Hosni, desempatando a votação de segunda-feira, em que ambos tinham saído com 29 dos 58 votos dos membros do conselho executivo da UNESCO. O resultado evitou que o sucessor do japonês Koïchiro Matsuura fosse tirado à sorte, mas não são conhecidos os nomes dos países que alteraram a intenção de voto. Oficialmente, Portugal manteve o apoio a Farouk Hosni. "Nós votámos no egípcio, ganhou a búlgara" , reagiu ontem fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Farouk Hosni nunca reuniu consenso entre os membros do conselho executivo da UNESCO e foi perdendo o estatuto de favorito ao longo das sucessivas votações,
O político egípcio, ministro da Cultura há 22 anos, foi acusado por várias associações de judeus e intelectuais de ser anti-semita, de censura, de perseguição a artistas egípcios e de ter declarado em 2008, no Parlamento egípcio, que "queimaria ele próprio" os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas do país. Mais tarde, garantiu "lamentar" tais palavras, segundo ele retiradas de contexto, e desmentiu qualquer sentimento anti-semita.
Fonte oficial do MNE esclareceu que "Portugal bateu-se para que houvesse um candidato da União Europeia a este cargo. Não foi possível chegar a um acordo entre os ministros da UE".
A mesma fonte acrescenta que Portugal deu o seu apoio a comissária europeia das relações externas Benita Ferrero-Waldner e tinha como segunda opção Farouk Hosni . "Quando Benita Ferrero-Waldner retirou a sua candidatura, Portugal passou a apoiar o candidato egípcio". Com contrapartidas. "Esta decisão foi tomada no âmbito de vários apoios internacionais que nos são colocados", avança a mesma fonte do MNE. Em causa poderá estar um voto do Egipto a favor da entrada de Portugal no Conselho de Segurança da ONU, em 2011-2012.
Sobre a diferença de opiniões com Manuel Maria Carrilho, o MNE afirma que "os compromissos do Estado português são superiores e não podem ser postos em causa". A decisão de Carrilho, de não votar não merece comentários.
A vitória de Irina Bokova foi recebida com agrado pelo Governo de Israel. O Ministério dos Negócios Estrangeiros deste país saudou a eleição e declarou-se convencido de que "a cooperação frutuosa com a UNESCO vai continuar a reforçar-se".
No Egipto, pelo contrário, a derrota foi tomada com decepção no meio intelectual, considerando que se trata de uma trabalho "do lobby judeu" e do "movimento sionista". O Ministério dos Negócios Estrangeiros do país não se pronunciou.
DN.PT
Ontem, na quinta e última ronda de votações para o cargo, Irina Bokova arrecadou 31 votos contra os 27 de Farouk Hosni, desempatando a votação de segunda-feira, em que ambos tinham saído com 29 dos 58 votos dos membros do conselho executivo da UNESCO. O resultado evitou que o sucessor do japonês Koïchiro Matsuura fosse tirado à sorte, mas não são conhecidos os nomes dos países que alteraram a intenção de voto. Oficialmente, Portugal manteve o apoio a Farouk Hosni. "Nós votámos no egípcio, ganhou a búlgara" , reagiu ontem fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Farouk Hosni nunca reuniu consenso entre os membros do conselho executivo da UNESCO e foi perdendo o estatuto de favorito ao longo das sucessivas votações,
O político egípcio, ministro da Cultura há 22 anos, foi acusado por várias associações de judeus e intelectuais de ser anti-semita, de censura, de perseguição a artistas egípcios e de ter declarado em 2008, no Parlamento egípcio, que "queimaria ele próprio" os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas do país. Mais tarde, garantiu "lamentar" tais palavras, segundo ele retiradas de contexto, e desmentiu qualquer sentimento anti-semita.
Fonte oficial do MNE esclareceu que "Portugal bateu-se para que houvesse um candidato da União Europeia a este cargo. Não foi possível chegar a um acordo entre os ministros da UE".
A mesma fonte acrescenta que Portugal deu o seu apoio a comissária europeia das relações externas Benita Ferrero-Waldner e tinha como segunda opção Farouk Hosni . "Quando Benita Ferrero-Waldner retirou a sua candidatura, Portugal passou a apoiar o candidato egípcio". Com contrapartidas. "Esta decisão foi tomada no âmbito de vários apoios internacionais que nos são colocados", avança a mesma fonte do MNE. Em causa poderá estar um voto do Egipto a favor da entrada de Portugal no Conselho de Segurança da ONU, em 2011-2012.
Sobre a diferença de opiniões com Manuel Maria Carrilho, o MNE afirma que "os compromissos do Estado português são superiores e não podem ser postos em causa". A decisão de Carrilho, de não votar não merece comentários.
A vitória de Irina Bokova foi recebida com agrado pelo Governo de Israel. O Ministério dos Negócios Estrangeiros deste país saudou a eleição e declarou-se convencido de que "a cooperação frutuosa com a UNESCO vai continuar a reforçar-se".
No Egipto, pelo contrário, a derrota foi tomada com decepção no meio intelectual, considerando que se trata de uma trabalho "do lobby judeu" e do "movimento sionista". O Ministério dos Negócios Estrangeiros do país não se pronunciou.
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