A AUTARCA DE S.VICENTE ENTREVISTADA PELA RÁDIO ATLÂNTICO NA HOLANDA
RA - Ainda sobre a Câmara que dirige. Em São Vicente está coligada com a UCID. Como tem sido a vossa relação? E já agora também com o PAICV?
IG - A relação é muito boa. Na partilha de pelouros numa primeira fase só a UCID foi contemplada e não atribuí vereadores ao PAICV pelas seguintes razões: eu disse ao PAICV que só lhes daria pelouros se apresentassem desculpas públicas por todas as difamações que fizeram durante a campanha… Eu tenho também uns quatro a seis processos a decorrem nos tribunais contra os responsáveis do PAICV, entre os quais dois processos contra Antero Coelho que é um vereador do PAICV. E, uma das razões, foi quando, uma vez que vim em missão de serviço a Holanda, alojei-me no Hotel Hilton. Quando eu cheguei a S. Vicente encontro um artigo online onde ele dizia que a minha inteligência está no sítio onde as outras pessoas tem o sexo. Não posso permitir isso. Essa pessoa não tem nível para ser vereador, não tem nível para fazer parte da minha equipa de trabalho. Este processo está a decorrer no tribunal e tenho um outro contra ele. Tenho outro também contra a Dra. Vanda por difamação na campanha. Outro contra o João do Carmo.
Agora, o que acontece é que o tribunal não funciona e depois vem no fim do ano o Presidente da República dar amnistia desses casos de ofensa e ficamos num sentido de impunidade.
Esqueci também de dizer que nas últimas campanhas autárquicas eu disse publicamente que eu ganhando ia mandar fazer uma auditoria externa para provarem se havia ou não corrupção. E essa auditoria está também a decorrer. Está a auditoria da policia judiciária e eu penso que essas coisas devem ser céleres. Devemos trabalhar como os americanos fizeram com o caso Madoff que o processo foi muito célere o Madoff já está preso. Eu penso que nessas situações a justiça deve funcionar e não ficar a arrastar, arrastar até parece que estão a fazer algum jeito a quem está a fazer a campanha difamatória.
RA - A UCID está em congresso em São Vicente. Tem alguma mensagem para enviar a UCID?
IG - Por acaso não sabia que a UCID estava em congresso mas isso é porque estou de férias e não tenho lido as notícias. Férias são férias. Se soubesse teria enviado algo por escrito mas aproveito essa oportunidade em primeiro lugar para comunicar o meu grau de satisfação porque pelo menos até que enfim a UCID já conseguiu marcar esse congresso que estava sendo arrastado e com alguma controvérsia entre a UCID da Praia e a de São Vicente e ao meu ver não pode haver duas UCIDs.
Se estão em congresso estão de parabéns e é sinal que já chegaram a algum entendimento. Eu quero é esperar que do congresso saiam as melhores recomendações não só para a reorganização interna do partido mas também que saiam recomendações que visem maximizar todo o engajamento da UCID no desenvolvimento de Cabo Verde. A UCID está a desempenhar o seu papel. Eu sou muito democrática e acho que Cabo Verde ainda tem lugar para mais um partido político. Se não tivesse no MpD era capaz de criar um novo partido mas o MpD dá-me felicidades portanto eu estou bem.
Eu penso que a UCID dentro do possível está a desempenhar um papel muito positivo em cabo verde na pessoa do seu presidente que também é vereador da câmara de São Vicente e que é um colaborador muito directo e que é uma pessoa muito capaz e tem por isso desempenhado um papel muito importante não só para São Vicente mas também para todo o Cabo Verde. No parlamento, por exemplo, o António Monteiro é um deputado muito interventivo. É pena que são apenas dois deputados. É o que tenho a dizer neste momento.
RA - Disse que está contente por estar no MpD que neste momento tem três candidatos à corrida pela liderança. Já se posicionou a favor de algum candidato?
IG - Eu não devo posicionar-me por uma razão muito simples. Eu sou membro da comissão política. Eu respeito todos os candidatos porque eles estão exercendo um dever cívico, um dever patriótico e um dever que a constituição lhes assiste, são todos militantes do partido. O que eu posso avançar, independentemente de ter o meu candidato que é uma questão muito intima, que eu me reservo na qualidade de membro da comissão politica, quero dizer que a pessoa que ganhar iremos estar todos juntos para vencer o PAICV em 2011 que é o nosso objectivo.
RA - Alguns analistas próximos do MpD e até alguma imprensa avançam que o MpD no fim vai apresentar um único candidato. Pensa de igual modo? Tem essa esperança?
IG - Eu não tenho essa esperança e nem quero ter. Eu sou muito democrata. Eu acho que disputas políticas não fazem mal a ninguém. Eu acho que se o PAICV que não é um partido democrata vai a disputa politica eu não sei porque é que nós do MpD vamos para o consenso. Algumas pessoas andam a falar em consenso em matéria do partido. Eu não sei o que é isso. Eu acho que as candidaturas, as disputas são formas de aprendizagem politica. De certeza que se o Veiga apresentar uma boa moção de estratégia, Jorge Santos apresentar a dele, o Livramento apresentar a dele, eu penso que dessa discussão vai sair um líder mais forte porque vai sair um vencedor que vai aproveitar as coisas boas da moção de estratégia dos outros. Eu pessoalmente eu acho que todos deviam ir até ao fim porque seria um bom momento para o MpD revitalizar não só em questões políticas como também de grandes temáticas e de grandes matérias que nós temos para discutir a bem de Cabo Verde.
RA - Sobre as presidenciais. Em entrevista dada a órgãos de comunicação social no país disse que estaria disposta a candidatar-se a Presidência da República. Essa hipótese ainda está de pé?
IG - Eu posicionei-me sobre essa matéria numa conferência de imprensa que é coisa de muita seriedade pois quando a pessoa dá conferência de imprensa é porque a matéria é de seriedade.
Eu manifestei disponibilidade quando eu vi que o meu candidato que era Carlos Veiga desistiu da corrida. Ele já veio publicamente dizer que não é candidato ás próximas presidenciais. Estando Veiga retirado da corrida eu acho que tenho perfil e tenho toda a motivação, capacidade para exercer esse mais alto cargo da nação. Mas eu devo dizer que eu manifestei a minha disponibilidade mas se o meu partido me apresentar um candidato com melhor perfil de certeza que irei fazer campanha a favor desse candidato.
RA - No portal da Câmara de Oeiras (jan/fev 08) pude ver um extracto de uma entrevista sua dizendo o seguinte “A minha sociedade é extremamente machista mas a vida já me ensinou que as pessoas se impõem pela competência. A carreira profissional que eu trilhei leva a que acreditem no meu perfil. Felizmente eu tenho um grande poder de encaixe e quando se tem o sentido do dever cumprido podem vir todos os atropelos, constrangimentos que nada nos demove”. A Politica cabo-verdiana é um feudo para homens? O que as mulheres têm que fazer para reverter a situação?
IG - Não, não é um feudo. A nossa sociedade é machista e dificilmente vai ultrapassar essa fase que é muito também uma questão cultural. Como sabe isso vem desde a educação que nós os pais as vezes sem querer incutimos na educação dos filhos, mas isso são questões que vão mudar com as gerações futuras.
Quando digo que esse machismo tem uma implicância tem sobretudo a ver com a forma de se fazer politica em Cabo Verde. Quando uma mulher está na cena politica, a vida íntima da mulher é despida, enquanto que um homem na política a vida dele já não é despida. Em nenhum momento, por exemplo, um homem é questionado na cena politica por ter três ou quatro namoradas ou por ser casado e ter uma amante. Uma mulher, como eu que sou solteira e que não tenho um homem, se arranjo um namorado que eu gosto, eu gosto de homens e acho que uma mulher que não gosta de homens é muito mau sinal; eu sou uma mulher que vive a paixão; sou uma mulher que gosta de amar; eu amo as coisas, tudo que faço na vida é com paixão, não sou uma mulher monótona numa relação, e quando tenho uma relação que não me serve eu tenho que abrir o meu coração para encontrar relação que me dá felicidade porque eu acho que todos nós andamos a procura da felicidade, isso é muito mal visto por alguns. Um Homem pode ser casado, pode ter amantes, pode ter quatro mulheres e nunca isso é matéria de campanha isso é só para dizer que isso é um dos máximos do machismo porque isso reflecte um tratamento discriminatório, uma falta de civismo porque na politica a vida particular de cada pessoa não deve estar em causa. Na política devemos discutir capacidades, competências, ideias e projectos e não estar a imiscuir-se na vida particular das pessoas. Mas já estou habituada a isso e é por isso que as pessoas dizem que sou uma pessoa muito especial. Eu sou uma pessoa muito assumida porque a vida já me ensinou muito e não tive só bons momentos, tive também momentos duros e ainda bem porque esses momentos duros ajudam-nos a temperar e a ser melhor, mas também ajudam-nos a ser mais tolerantes. Eu sou uma pessoa muito tolerante...
RA- O que as mulheres cabo-verdianas podem fazer para inverter esse quadro?
IG - Eu acho que as mulheres devem ter a minha postura. As mulheres devem ter a coragem para distinguir a vida privada, da vida profissional, capacidade e competência. As mulheres devem entrar mais na política. Dizer que em Cabo Verde temos mulheres competentes basta ver o número de mulheres que está no governo. Não é candidatura porque elas são nomeadas, de qualquer modo são mulheres corajosas. Eu tenho essa coragem desde 1975 em que fui a primeira mulher deputada. Eu tenho sido sempre a primeira mulher em tudo. Primeira mulher deputada, primeira mulher autarca, e se Deus quiser, se o meu partido achar conveniente, a primeira mulher Presidente da República.
Isso para também dizer que nós as mulheres podemos fazer politica com mais amor, com mais ternura, com mais carinho e até com mais respeito, com mais classe e com mais performance.
Eu dou muito de mim para as outras pessoas. Eu considero que estou na política para cumprir uma grande missão que é servir aos outros e não me servir da política.
RA - Como classifica a actual governação de José Maria Neves? De 1 a 10 que nota lhe daria?
IG:Bem, não é fácil. Este segundo mandato tem sido um desastre. O governo é fraco, reconhecido até pelo Primeiro Ministro. Eu já pedi, publicamente, a cabeça das ministras de economia, das finanças devido ao assuntos das ZDTis. O que está a passar-se na Cabo Verde Investimentos, em outras paragens as cabeças já tinha rolado. Mas em Cabo Verde as pessoas nunca põem o cargo a disposição. Recentemente a tomada de posição da ministra ao dizer que se as Câmaras não pagassem a iluminação pública que as cidades iam ter apagões isso é de uma irresponsabilidade total. Eu posicionei-me sobre isso dizendo que de facto é uma matéria que tem que ser bem gerida. Estou de acordo que as Câmaras devem pagar a utilização da energia pública, mas que também a Electra deve pagar pela utilização do espaço e do solo que eles ocupam e não uma postura de quem paga é sempre a Câmara e os munícipes enquanto que o Estado e a Electra ficam de fora.
A ministra Fialho ao dizer que se não pagar a luz é cortada é uma chantagem e uma irresponsabilidade grande e eu até comentei que disse apaguem a luz que ela seria a primeira a apanhar “Kaço Bodi” na Praia (risos).
RA - Insisto na nota que atribuía ao governo…
IG - No primeiro mandato eu daria uma nota de 5,5 e neste segundo mandato a nota é claramente negativa é já vai para os 4 valores.
IG - A relação é muito boa. Na partilha de pelouros numa primeira fase só a UCID foi contemplada e não atribuí vereadores ao PAICV pelas seguintes razões: eu disse ao PAICV que só lhes daria pelouros se apresentassem desculpas públicas por todas as difamações que fizeram durante a campanha… Eu tenho também uns quatro a seis processos a decorrem nos tribunais contra os responsáveis do PAICV, entre os quais dois processos contra Antero Coelho que é um vereador do PAICV. E, uma das razões, foi quando, uma vez que vim em missão de serviço a Holanda, alojei-me no Hotel Hilton. Quando eu cheguei a S. Vicente encontro um artigo online onde ele dizia que a minha inteligência está no sítio onde as outras pessoas tem o sexo. Não posso permitir isso. Essa pessoa não tem nível para ser vereador, não tem nível para fazer parte da minha equipa de trabalho. Este processo está a decorrer no tribunal e tenho um outro contra ele. Tenho outro também contra a Dra. Vanda por difamação na campanha. Outro contra o João do Carmo.
Agora, o que acontece é que o tribunal não funciona e depois vem no fim do ano o Presidente da República dar amnistia desses casos de ofensa e ficamos num sentido de impunidade.
Esqueci também de dizer que nas últimas campanhas autárquicas eu disse publicamente que eu ganhando ia mandar fazer uma auditoria externa para provarem se havia ou não corrupção. E essa auditoria está também a decorrer. Está a auditoria da policia judiciária e eu penso que essas coisas devem ser céleres. Devemos trabalhar como os americanos fizeram com o caso Madoff que o processo foi muito célere o Madoff já está preso. Eu penso que nessas situações a justiça deve funcionar e não ficar a arrastar, arrastar até parece que estão a fazer algum jeito a quem está a fazer a campanha difamatória.
RA - A UCID está em congresso em São Vicente. Tem alguma mensagem para enviar a UCID?
IG - Por acaso não sabia que a UCID estava em congresso mas isso é porque estou de férias e não tenho lido as notícias. Férias são férias. Se soubesse teria enviado algo por escrito mas aproveito essa oportunidade em primeiro lugar para comunicar o meu grau de satisfação porque pelo menos até que enfim a UCID já conseguiu marcar esse congresso que estava sendo arrastado e com alguma controvérsia entre a UCID da Praia e a de São Vicente e ao meu ver não pode haver duas UCIDs.
Se estão em congresso estão de parabéns e é sinal que já chegaram a algum entendimento. Eu quero é esperar que do congresso saiam as melhores recomendações não só para a reorganização interna do partido mas também que saiam recomendações que visem maximizar todo o engajamento da UCID no desenvolvimento de Cabo Verde. A UCID está a desempenhar o seu papel. Eu sou muito democrática e acho que Cabo Verde ainda tem lugar para mais um partido político. Se não tivesse no MpD era capaz de criar um novo partido mas o MpD dá-me felicidades portanto eu estou bem.
Eu penso que a UCID dentro do possível está a desempenhar um papel muito positivo em cabo verde na pessoa do seu presidente que também é vereador da câmara de São Vicente e que é um colaborador muito directo e que é uma pessoa muito capaz e tem por isso desempenhado um papel muito importante não só para São Vicente mas também para todo o Cabo Verde. No parlamento, por exemplo, o António Monteiro é um deputado muito interventivo. É pena que são apenas dois deputados. É o que tenho a dizer neste momento.
RA - Disse que está contente por estar no MpD que neste momento tem três candidatos à corrida pela liderança. Já se posicionou a favor de algum candidato?
IG - Eu não devo posicionar-me por uma razão muito simples. Eu sou membro da comissão política. Eu respeito todos os candidatos porque eles estão exercendo um dever cívico, um dever patriótico e um dever que a constituição lhes assiste, são todos militantes do partido. O que eu posso avançar, independentemente de ter o meu candidato que é uma questão muito intima, que eu me reservo na qualidade de membro da comissão politica, quero dizer que a pessoa que ganhar iremos estar todos juntos para vencer o PAICV em 2011 que é o nosso objectivo.
RA - Alguns analistas próximos do MpD e até alguma imprensa avançam que o MpD no fim vai apresentar um único candidato. Pensa de igual modo? Tem essa esperança?
IG - Eu não tenho essa esperança e nem quero ter. Eu sou muito democrata. Eu acho que disputas políticas não fazem mal a ninguém. Eu acho que se o PAICV que não é um partido democrata vai a disputa politica eu não sei porque é que nós do MpD vamos para o consenso. Algumas pessoas andam a falar em consenso em matéria do partido. Eu não sei o que é isso. Eu acho que as candidaturas, as disputas são formas de aprendizagem politica. De certeza que se o Veiga apresentar uma boa moção de estratégia, Jorge Santos apresentar a dele, o Livramento apresentar a dele, eu penso que dessa discussão vai sair um líder mais forte porque vai sair um vencedor que vai aproveitar as coisas boas da moção de estratégia dos outros. Eu pessoalmente eu acho que todos deviam ir até ao fim porque seria um bom momento para o MpD revitalizar não só em questões políticas como também de grandes temáticas e de grandes matérias que nós temos para discutir a bem de Cabo Verde.
RA - Sobre as presidenciais. Em entrevista dada a órgãos de comunicação social no país disse que estaria disposta a candidatar-se a Presidência da República. Essa hipótese ainda está de pé?
IG - Eu posicionei-me sobre essa matéria numa conferência de imprensa que é coisa de muita seriedade pois quando a pessoa dá conferência de imprensa é porque a matéria é de seriedade.
Eu manifestei disponibilidade quando eu vi que o meu candidato que era Carlos Veiga desistiu da corrida. Ele já veio publicamente dizer que não é candidato ás próximas presidenciais. Estando Veiga retirado da corrida eu acho que tenho perfil e tenho toda a motivação, capacidade para exercer esse mais alto cargo da nação. Mas eu devo dizer que eu manifestei a minha disponibilidade mas se o meu partido me apresentar um candidato com melhor perfil de certeza que irei fazer campanha a favor desse candidato.
RA - No portal da Câmara de Oeiras (jan/fev 08) pude ver um extracto de uma entrevista sua dizendo o seguinte “A minha sociedade é extremamente machista mas a vida já me ensinou que as pessoas se impõem pela competência. A carreira profissional que eu trilhei leva a que acreditem no meu perfil. Felizmente eu tenho um grande poder de encaixe e quando se tem o sentido do dever cumprido podem vir todos os atropelos, constrangimentos que nada nos demove”. A Politica cabo-verdiana é um feudo para homens? O que as mulheres têm que fazer para reverter a situação?
IG - Não, não é um feudo. A nossa sociedade é machista e dificilmente vai ultrapassar essa fase que é muito também uma questão cultural. Como sabe isso vem desde a educação que nós os pais as vezes sem querer incutimos na educação dos filhos, mas isso são questões que vão mudar com as gerações futuras.
Quando digo que esse machismo tem uma implicância tem sobretudo a ver com a forma de se fazer politica em Cabo Verde. Quando uma mulher está na cena politica, a vida íntima da mulher é despida, enquanto que um homem na política a vida dele já não é despida. Em nenhum momento, por exemplo, um homem é questionado na cena politica por ter três ou quatro namoradas ou por ser casado e ter uma amante. Uma mulher, como eu que sou solteira e que não tenho um homem, se arranjo um namorado que eu gosto, eu gosto de homens e acho que uma mulher que não gosta de homens é muito mau sinal; eu sou uma mulher que vive a paixão; sou uma mulher que gosta de amar; eu amo as coisas, tudo que faço na vida é com paixão, não sou uma mulher monótona numa relação, e quando tenho uma relação que não me serve eu tenho que abrir o meu coração para encontrar relação que me dá felicidade porque eu acho que todos nós andamos a procura da felicidade, isso é muito mal visto por alguns. Um Homem pode ser casado, pode ter amantes, pode ter quatro mulheres e nunca isso é matéria de campanha isso é só para dizer que isso é um dos máximos do machismo porque isso reflecte um tratamento discriminatório, uma falta de civismo porque na politica a vida particular de cada pessoa não deve estar em causa. Na política devemos discutir capacidades, competências, ideias e projectos e não estar a imiscuir-se na vida particular das pessoas. Mas já estou habituada a isso e é por isso que as pessoas dizem que sou uma pessoa muito especial. Eu sou uma pessoa muito assumida porque a vida já me ensinou muito e não tive só bons momentos, tive também momentos duros e ainda bem porque esses momentos duros ajudam-nos a temperar e a ser melhor, mas também ajudam-nos a ser mais tolerantes. Eu sou uma pessoa muito tolerante...
RA- O que as mulheres cabo-verdianas podem fazer para inverter esse quadro?
IG - Eu acho que as mulheres devem ter a minha postura. As mulheres devem ter a coragem para distinguir a vida privada, da vida profissional, capacidade e competência. As mulheres devem entrar mais na política. Dizer que em Cabo Verde temos mulheres competentes basta ver o número de mulheres que está no governo. Não é candidatura porque elas são nomeadas, de qualquer modo são mulheres corajosas. Eu tenho essa coragem desde 1975 em que fui a primeira mulher deputada. Eu tenho sido sempre a primeira mulher em tudo. Primeira mulher deputada, primeira mulher autarca, e se Deus quiser, se o meu partido achar conveniente, a primeira mulher Presidente da República.
Isso para também dizer que nós as mulheres podemos fazer politica com mais amor, com mais ternura, com mais carinho e até com mais respeito, com mais classe e com mais performance.
Eu dou muito de mim para as outras pessoas. Eu considero que estou na política para cumprir uma grande missão que é servir aos outros e não me servir da política.
RA - Como classifica a actual governação de José Maria Neves? De 1 a 10 que nota lhe daria?
IG:Bem, não é fácil. Este segundo mandato tem sido um desastre. O governo é fraco, reconhecido até pelo Primeiro Ministro. Eu já pedi, publicamente, a cabeça das ministras de economia, das finanças devido ao assuntos das ZDTis. O que está a passar-se na Cabo Verde Investimentos, em outras paragens as cabeças já tinha rolado. Mas em Cabo Verde as pessoas nunca põem o cargo a disposição. Recentemente a tomada de posição da ministra ao dizer que se as Câmaras não pagassem a iluminação pública que as cidades iam ter apagões isso é de uma irresponsabilidade total. Eu posicionei-me sobre isso dizendo que de facto é uma matéria que tem que ser bem gerida. Estou de acordo que as Câmaras devem pagar a utilização da energia pública, mas que também a Electra deve pagar pela utilização do espaço e do solo que eles ocupam e não uma postura de quem paga é sempre a Câmara e os munícipes enquanto que o Estado e a Electra ficam de fora.
A ministra Fialho ao dizer que se não pagar a luz é cortada é uma chantagem e uma irresponsabilidade grande e eu até comentei que disse apaguem a luz que ela seria a primeira a apanhar “Kaço Bodi” na Praia (risos).
RA - Insisto na nota que atribuía ao governo…
IG - No primeiro mandato eu daria uma nota de 5,5 e neste segundo mandato a nota é claramente negativa é já vai para os 4 valores.
RA-Obrigado pela disponibilidade
IG-Eu é que agradeço por esta oportunidade em falar para a nossa comunidade
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