domingo, 13 de setembro de 2009

BRASIL:"Brasil arma-se por causa do petróleo que descobriu"

BRASILIA-O ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Celso Amorim, negou ao DN que a recente compra de armamento pelo Brasil seja o início de uma corrida às armas na região, numa altura em que o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, acaba de adquirir material bélico à Rússia. O Brasil vai comprar cinco submarinos Scorpene, 30 helicópteros Eurocpter e 36 aviões. Os submarinos e helicópteros, sabe-se já, serão franceses. No caso dos aviões, tanto suecos como americanos, com os modelos Gripping e Boeing F-18, ainda estão na corrida, embora o Presidente Lula da Silva tenha já admitido haver mais hipóteses de importação do modelo Rafale, também de França. O valor total das compras é de 10,8 mil milhões de euros.
"O Brasil é um país que gasta uma baixa percentagem do seu orçamento com armas. A presente modernização visa apenas melhorar a nossa defesa. Não vou dizer que se deve só ao petróleo, mas a verdade é que o Brasil recentemente descobriu muito petróleo no mar e já houve muitas guerras por causa do petróleo, um produto que atrai a cobiça externa. É uma medida de prudência renovar os nossos equipamentos de defesa. Afinal nada impede que, um dia, alguma potência apresente uma tese esdrúxula em relação ao nosso óleo no mar", disse Celso Amorim ao DN.
Em relação ao pacto da União Europeia com o Mercosul - associação de países que une Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina -, o titular da política externa brasileira afirmou que persistem divergências no dossiê agrícola e, portanto, não se espera a assinatura de um acordo a curto prazo. Sobre a polémica concessão de território da Colômbia para a instalação de bases militares americanas, franziu o sobrolho: "Qualquer base de um país que domina tecnologia nuclear, como EUA, Rússia ou China, na América do Sul, preocuparia os países vizinhos. Sobre isso não há dúvida."
Sobre as informações de que o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, teria ajudado as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Celso Amorim recusou fazer comentários.
De acordo com o ministro, o Brasil, sob o mandato de Lula da Silva, rompeu uma velha tradição de fazer uma diplomacia "submissa a Washington".
"Temos boas relações com os americanos, mas dialogamos com todo o mundo, tanto em comércio como em política", frisou o ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, lembrando que, em breve, Lula da Silva deverá receber em Brasília o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad.
Na sua perspectiva, os americanos não podem criticar o Brasil, pois também eles dialogam com Teerão.
E concluiu: "Os portugueses legaram-nos um país grande, rico e com unidade linguística. Agora é a hora de não mais abdicarmos da nossa grandeza no cenário internacional. Com o Presidente Lula, o Brasil ganhou notoriedade e pôde exercer sua independência."
DN.PT-Por SÉRGIO BARRETO MOTTA

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