FORTALEZA-Dia 1 deste mês, barraca Crocobeach, na Praia do Futuro, em Fortaleza, Nor- deste brasileiro, uma das mais famosas estâncias turísticas da região. Um empresário italiano de 48 anos, Giuliano Tuzi, está de férias com a família, leva a filha de oito para a piscina, brinca com ela e dá-lhe um beijo na boca. Um casal de brasileiros que assistia à cena ficou "incomodado". Denunciam o caso à polícia alegando que, "além dos beijos", teria havido abuso sexual da menor. No mesmo dia, o italiano foi preso, acusado de "prática de estupro [violação] ou de actos libidinosos com menores de 14 anos". A mãe da menor, de nacionalidade brasileira e casada com o italiano, disse que estavam a cometer um "erro". Para o sociólogo brasileiro Francisco Ribeiro o "episódio é um absurdo".
"As autoridades deveriam ter agido com maior cautela, no sentido de verificar se realmente houve crime", disse o sociólogo em declarações ao Diário do Nordeste. O "excesso de zelo", assegura, seria, na realidade, uma consequência "impulsiva" da recente lei sobre Crimes Contra a Dignidade Sexual, que entrou em vigor no dia 7 de Agosto, no Brasil, "ampliando o conceito jurídico do crime" de violação. Para Ribeiro, o que aconteceu com o turista italiano, foi um "equívoco cultural", já que a cultura italiana "aceita este tipo de afecto, menos comum no Brasil" entre pai e filha. Depois, "esta é uma nova lei e o estrangeiro não tem obrigação de saber dela", afirma. Esta semana, as autoridades brasileiras concederam liberdade provisória, "sob algumas condições", ao empresário, já que não ficou "cabalmente demonstrada a existência do crime". Ele pode aguardar as alegações finais na Itália. Mas a opinião pública brasileira está "constrangida" com o episódio. Até porque, "há várias testemunhas" que dão conta da versão oposta à do casal brasileiro. O advogado do turista italiano, Flávio Jacinto, arrisca falar em "erro grosseiro" da Justiça.
Para o antropólogo Ismael Pordeus, o caso não passa de um "enorme alarido para, na verdade, não tratar dos verdadeiros e graves problemas dessa cidade, que são a prostituição infantil e o consumo de drogas entre crianças e adolescentes nas ruas". Pordeus toca na ferida das principais cidades turísticas do Brasil, como Fortaleza, que segundo relatórios das Nações Unidas e de associações de defesa da criança locais, tem altos índices de abuso e exploração sexual de menores. Além disso, a cidade é, ainda, "roteiro turístico sexual": no sítio da prefeitura local [o equivalente a câmara municipal] está o apelo para denunciar esse tipo de crimes.
O secretário de Justiça, Marco Cals, assume que a região está "conotada com o problema", e que "todo o cuidado é pouco", assegurando que, nos últimos anos, o Ceará tem reforçado as campanhas para "o combate à exploração sexual de menores e prostituição infantil". O "reforço" deu-se, sobretudo, no ano passado, depois de a cadeia de televisão Globo mostrou uma reportagem de investigação sobre prostituição infantil e abuso de menores em Fortaleza. Na reportagem, um taxista dá dicas ao produtor de como ir a um motel onde ele teria "à disposição várias menores".
O produtor foi ao local e encontrou uma miúda de 13 anos que lhe disse receber comissão dos motéis.
Segundo Olenka de Queiroz, que mora há 20 anos em Fortaleza, essa é uma "prática comum" na cidade. "Por muito que se denuncie há sempre lugares clandestinos que acolhem a prostituição infantil, com o consentimento das famílias. O Nordeste é uma região muito pobre, o que faz com que muitas meninas convivam com esse ambiente, como se fosse normal."
DN.PT
"As autoridades deveriam ter agido com maior cautela, no sentido de verificar se realmente houve crime", disse o sociólogo em declarações ao Diário do Nordeste. O "excesso de zelo", assegura, seria, na realidade, uma consequência "impulsiva" da recente lei sobre Crimes Contra a Dignidade Sexual, que entrou em vigor no dia 7 de Agosto, no Brasil, "ampliando o conceito jurídico do crime" de violação. Para Ribeiro, o que aconteceu com o turista italiano, foi um "equívoco cultural", já que a cultura italiana "aceita este tipo de afecto, menos comum no Brasil" entre pai e filha. Depois, "esta é uma nova lei e o estrangeiro não tem obrigação de saber dela", afirma. Esta semana, as autoridades brasileiras concederam liberdade provisória, "sob algumas condições", ao empresário, já que não ficou "cabalmente demonstrada a existência do crime". Ele pode aguardar as alegações finais na Itália. Mas a opinião pública brasileira está "constrangida" com o episódio. Até porque, "há várias testemunhas" que dão conta da versão oposta à do casal brasileiro. O advogado do turista italiano, Flávio Jacinto, arrisca falar em "erro grosseiro" da Justiça.
Para o antropólogo Ismael Pordeus, o caso não passa de um "enorme alarido para, na verdade, não tratar dos verdadeiros e graves problemas dessa cidade, que são a prostituição infantil e o consumo de drogas entre crianças e adolescentes nas ruas". Pordeus toca na ferida das principais cidades turísticas do Brasil, como Fortaleza, que segundo relatórios das Nações Unidas e de associações de defesa da criança locais, tem altos índices de abuso e exploração sexual de menores. Além disso, a cidade é, ainda, "roteiro turístico sexual": no sítio da prefeitura local [o equivalente a câmara municipal] está o apelo para denunciar esse tipo de crimes.
O secretário de Justiça, Marco Cals, assume que a região está "conotada com o problema", e que "todo o cuidado é pouco", assegurando que, nos últimos anos, o Ceará tem reforçado as campanhas para "o combate à exploração sexual de menores e prostituição infantil". O "reforço" deu-se, sobretudo, no ano passado, depois de a cadeia de televisão Globo mostrou uma reportagem de investigação sobre prostituição infantil e abuso de menores em Fortaleza. Na reportagem, um taxista dá dicas ao produtor de como ir a um motel onde ele teria "à disposição várias menores".
O produtor foi ao local e encontrou uma miúda de 13 anos que lhe disse receber comissão dos motéis.
Segundo Olenka de Queiroz, que mora há 20 anos em Fortaleza, essa é uma "prática comum" na cidade. "Por muito que se denuncie há sempre lugares clandestinos que acolhem a prostituição infantil, com o consentimento das famílias. O Nordeste é uma região muito pobre, o que faz com que muitas meninas convivam com esse ambiente, como se fosse normal."
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