As Nações Unidas pediram ontem um plano mundial, ao estilo do “Plano Marshall”, de 500 mil milhões de dólares (cerca de 349 mil milhões de euros) anuais, no terreno já a partir da próxima década, como única forma de colocar os países pobres na senda do desenvolvimento sustentável.A ideia por detrás do relatório “Estudo económico e social mundial 2009: promover o desenvolvimento, salvar o planeta” é que não pode haver combate climático sem crescimento económico dos países pobres. A solução passa pela sustentabilidade, diz o estudo. Mas para isso serão precisos compromissos políticos e financiamento, mais concretamente 500 mil milhões de dólares (cerca de 349 mil milhões de euros) ou seja, o correspondente a um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.“A ciência é clara. Precisamos, drasticamente, de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para protegermos o planeta e evitar que a temperatura suba perigosamente”, salientou Rob Vos, director do Departamento para os Assuntos Económicos e Sociais da ONU.“Se não reduzirmos, significativamente, as emissões, os danos para os países pobres serão dez vezes maiores do que nos Estados Unidos e na maioria dos países desenvolvidos”, acrescentou Rob Vos aos jornalistas em Nova Iorque, no lançamento do relatório. Segundo a ONU, serão os países pobres que mais sentirão os efeitos das alterações climáticas, como secas mais intensas, tempestades mais fortes e degelo que levará a inundações.Vos sublinhou que, por cada aumento de um grau nas temperaturas globais, o crescimento médio anual nos países em desenvolvimento deverá cair entre dois e três pontos percentuais.Para satisfazer as necessidades de crescimento, a procura energética nos países pobres deverá aumentar, colocando um desafio sobre como combinar a redução das emissões de gases com efeito de estufa com objectivos económicos.Para tal, a ONU defende um programa global de financiamento que inclui um fundo mundial de energia limpa, um regime mundial de tarifas para a compra e ligação à rede energética com base nas renováveis, um programa de tecnologia climática e um regime mais equilibrado de propriedade intelectual para ajudar à transferência de tecnologias limpas.“Estamos a sugerir que precisamos de um programa global de investimento público que permita aos países em desenvolvimento adoptar uma nova geração de energia limpa e satisfazer os seus objectivos de crescimento”, explicou Vos.A diferença é que desta vez “o novo acordo de financiamentos que será necessário para enfrentar o desafio climático deve considerar-se um projecto verdadeiramente mundial”, escrevem os autores do relatório.Actualmente existem entre 1600 e 2000 milhões de pessoas que não têm acesso à electricidade, estima a ONU.
PÚBLICO.PT
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