sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PERU:Gangue matava pessoas para extrair e traficar a gordura


LIMA-As autoridades peruanas descobriram um grupo criminoso que actuava numa floresta remota matando pessoas para lhes extrair a gordura, que depois era vendida a intermediários na capital, Lima, que, suspeitam os investigadores, a traficavam depois no mercado negro europeu de cosméticos. O cabecilha já cometia crimes deste género há 30 anos.

Dois dos suspeitos foram detidos na posse de garrafões com gordura humana e admitiram que valeriam 15 mil dólares (10 mil euros) por litro, diz a BBC .Dois garrafões e as imagens do corpo de uma vítima, um homem de 27 anos, foram apresentadas à comunicação social pela polícia. Segundo o El Mundo, o corpo foi descoberto com a colaboração de um dos suspeitos, no vale de Huallaga, local onde se planta cocaína e em que os desaparecimentos são comuns pois ali ainda actuam os últimos resistentes da guerrilha Sendero Luminoso e ainda narcotraficantes.
Um cenário propício para que as actividades do gangue agora desmantelado não fossem detectadas pelas autoridades ou fossem atribuídas a guerrilheiros ou narcotraficantes.
“Pela quantidade de gordura que comercializaram, podemos indicar que são muitas as vítimas”, afirmou Eusebio Félix Murga, chefe da Direcção de Investigação Criminal da polícia peruana, citado pela BBC. Segundo Murga, “Los Pishtacos” levavam as vítimas ao engano para locais ermos, onde as matavam e decapitavam, levando depois os corpos para laboratórios caseiros de extracção de gordura.
Esse suspeito contou que, depois de matar as vítimas, o gangue cumpria um ritual de forma rigorosa: cortava as cabeças (trabalho destinado às mulheres), os braços e as pernas e removia os órgãos. Depois, pendurava os tórax e colocava velas acesas por debaixo. Dessa forma, à medida que a carne aquecia, a gordura que derretia caía para tubos colocados por debaixo e escorria para os garrafões.
O gangue foi baptizado pela polícia como “Los Pishtacos”, proveniente da palavra quíchua "pishtay", que quer dizer “cortar em pedaços”. Os “pishtacos” fazem parte das lendas peruanas da era pré-conquista espanhola eram grupos de criminosos que assaltavam e matavam indigentes, comendo-lhes e a carne e vendendo as sua gordura. O mito, descrito por Mario Vargas Llosa no romance "Lituma en los Andes", diz ainda que estes grupos também podiam enterrar as pessoas ainda com vida, para fecundar as terras ou dar maior solidez às construções, conta a EFE.
O grupo actuava nas províncias de Pasco e Huánuco, a mesma em que onde há pelo menos 60 pessoas dadas como desaparecidas. Os três suspeitos detidos confessaram o envolvimento em cinco homicídios, mas as autoridades suspeitam que podem estar envolvidos em dúzias. Seis suspeitos ainda estão a monte e, segundo o que tem colaborado com a polícia, o cabecilha, Hilario Cudena, de 56 anos, já mata pessoas para lhes extrair gordura há mais de três décadas, diz a Associated Press.
Foram precisos quatro meses para que a polícia conseguisse desmantelar parte do gangue. Após ter recebido uma informação acerca do trafico de gordura humana da selva para Lima, infiltrou-se no grupo, obteve amostras de gordura, cujo conteúdo foi confirmado em laboratório, e acabou por deter três dos alegados criminosos que operavam na capital do Peru, responsáveis pelo transporte e recepção da gordura, descrevem as agências internacionais.
O principal suspeito já detido foi apanhado em flagrante, com um tórax (o da vítima apresentada à imprensa) pendurado numa casa de argila e a cabeça atirada para um barranco quase inacessível, perto do laboratório, conta o Periodista Digital.
Todos estão acusados de homicídio, conspiração, posse de arma proibida (foram detidos com armas de pistolas 22) e tráfico de droga. O comprador está a monte.
A existência de um largo mercado negro de venda de gordura humana para uso em cosméticos é algo em que os peritos médicos não acreditam. Um dermatologista da Universidade de Yale disse à Associated Press que poderá haver um mercado limitado de “extractos de gordura humana” para usar combater as rugas, mas normalmente essa gordura é extraída de outras partes do corpo do próprio paciente.
Um cirurgião plástico da Universidade da Virgínia também considerou improvável haver mercado negro de gordura humana, pois “na maioria dos países consegue-se gordura de forma rápida e em grandes quantidades, de pessoas disponíveis a serem doadoras”.
DN.PT-Por Duarte Ladeiras

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