segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SUIÇA:Proibição de minaretes na Suíça causa fortes reações


O referendo sobre a proposta ‘anti-minaretes’ na Suíça terminou com o impressionante resultado de 57% dos votos a favor da proibição de construção de mesquitas com torres. O governo suíço diz estar chocado e decepcionado com o resultado, mas respeita a resposta da população.
O resultado do referendo foi uma surpresa porque as pesquisas indicavam uma pequena maioria contra a medida. Jacques Waardenburg, especialista em estudos islâmicos da Universidade de Lausanne, diz que os muçulmanos suíços são os que estão mais surpresos com o resultado.
”Os muçulmanos não imaginavam que a medida seria aprovada por uma maioria tão ampla. Eles devem ter ficado chocados com isso.”

Intolerância
O referendo foi pedido por um partido populista de direita. Para o Partido do Povo Suíço (SVP), o maior da Suíça desde 2007, os minaretes são símbolos de um imperialismo religioso e da intolerância islâmica.
O governo e as instituições religiosas chamaram a população a votar contra a proposta. Após o resultado, o governo suíço se apressou a divulgar que, apesar disso, muçulmanos poderão continuar exercendo sua fé no país. A ministra da Justiça, Eveline Widmer-Schumpf, teme que a proibição irá aumentar o número de muçulmanos radicais ao invés de diminuir a influência islâmica. O governo suíço também teme que isso irá “danificar a imagem da Suíça como país tolerante.”
“Belo resultado”
Dos países islâmicos já surgem fortes reações sobre o referendo. O influente xeique Ali Gomaa, que interpreta a lei islâmica em nome do governo egípcio, diz que este resultado “não apenas é um ataque à liberdade religiosa mas também uma tentativa de insultar a comunidade muçulmana”.
Mas na Holanda, o partido PVV, do radical de direita Geert Wilders, cumprimentou a Suíça pelo “belo resultado”. Wilders vê no referendo suíço um bom exemplo para o que se pode fazer também na Holanda.

Violação à liberdade religiosa
Nicole Sprokel, da Amnistia Internacional, não espera que a proibição de construção de minaretes seja implementada, pois vai contra à própria constituição suíça: “É obviamente uma violação da liberdade religiosa, mas também é discriminatória, porque é uma medida que afeta um único grupo.”
Sprokel acha que a proibição será barrada quando passar por uma revisão judicial na Suíça. Se isso não acontecer, pode-se então entrar com um processo no Tribunal Europeu para os Direitos Humanos, em Estrasburgo.
Quatro por cento de 7,6 milhões de suíços são muçulmanos. Há apenas quatro minaretes em todo o país. A maioria das mais de cem mesquitas da Suíça está sediada em antigos prédios empresariais ou estacionamentos.
A Suíça sempre teve fama de país pragmático e tolerante em relação à imigração, mas nos últimos anos o debate sobre o tema tem se tornado cada vez mais agudo.
Fonte:RNW-Por Laurens Nijzink

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