PRAIA-O governo de Cabo Verde quer tornar o arquipélago numa cyber island e, para tal, vai contar com o apoio da experiência da Índia, sobretudo na criação de um parque tecnológico, disse hoje o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
José Brito falava aos jornalistas para dar conta da sua recente deslocação a Nova Deli, onde ficou definido o apoio das autoridades indianas a criação de um parque tecnológico, a instalar na Cidade da Praia, projecto orçado em 25 milhões de dólares (17,8 milhões de euros).
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, para já, a Índia disponibilizou cinco milhões de dólares (3,57 milhões de euros), mas estará disposta a adiantar mais fundos após estudar o projecto, o que acontecerá em Janeiro próximo, quando chegar à Cidade da Praia uma missão técnica.
"No quadro das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), saímos esperançados (de Nova Deli) em relação ao apoio da Índia para a construção de um parque tecnológico de referência, projecto que pode ir até aos 25 milhões de dólares e que inclui a produção de software e se pretende que seja também uma incubadora de empresas", disse José Brito.
Segundo o chefe da diplomacia cabo-verdiana, Cabo Verde pretende que a Índia se torne um "parceiro estratégico" e, para tal, há também já a garantia de um apoio de 300 mil dólares (214,2 mil euros) para alargar a esfera de actuação do Núcleo Operacional dos Sistemas de Informação (NOSI), que está a informatizar toda a administração pública no arquipélago.
Nesse sentido, em Janeiro, acrescentou, virá também uma delegação técnica da NITT (National Indian Telecomunication), "uma das maiores empresas de formação profissional do mundo", para analisar o mercado cabo-verdiano.
No quadro do programa "Mundu Novu" (semelhante ao "Magalhães" em Portugal), integrado ainda no NOSI, José Brito salientou que Nova Deli está também a ponderar a aquisição de 8.000 computadores para os professores cabo-verdianos.
A deslocação à Índia permitiu também aprovar um acordo para a criação de dois centros de excelência - um na Cidade da Praia (ilha de Santiago) e outro no Mindelo (São Vicente) -, virados para as vertentes da formação nas TIC e na Língua Inglesa, que permitirão formar 600 profissionais por ano.
"Trata-se de uma nova era nas relações entre a Índia e Cabo Verde, com projectos ambiciosos e a vinda de uma missão empresarial ao país, em paralelo com a missão técnica, permitirá dar esse salto a vários níveis como energia, água, saneamento e conservação dos solos", sublinhou, frisando: "o limite é a nossa capacidade de apresentar projectos".
José Brito lembrou também o apoio da Índia ao Banco de Investimento e Desenvolvimento (BID), no valor de 250 milhões de dólares (178,5 milhões de euros) para financiar projectos de infra-estruturas na África Ocidental, a que Cabo Verde terá acesso.
Por outro lado, e já no quadro da relação entre África do Sul, Brasil e Índia, Cabo Verde irá contar com um financiamento para a construção de uma central dessalinizadora na ilha de São Nicolau (norte), no montante de 1,6 milhões de dólares (1,1 milhões de euros).
A Índia disponibilizou cinco bolsas de estudo de curta duração (um mês) e duas de longa duração, ambas no sector das TIC, havendo a possibilidade de esse número aumentar.
As autoridades indianas e cabo-verdianas vão assinar dois acordos, um para a realização de consultas regulares bilaterais e outro de facilitação de vistos diplomáticos e de serviço a empresários, concluiu.
OJE/LUSA
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