segunda-feira, 30 de novembro de 2009

USA:Cinco pretendentes republicanos para 2012-Por Germano Almeida


Na política americana, a corrida presidencial quase não pára. Obama foi eleito há pouco mais de um ano, mas já há movimentações, mesmo que não assumidas, para a nomeação republicana de 2012. Afinal de contas, «só» faltam dois anos para o Iowa, o estado de arranque das primárias...
A maratona para a Casa Branca é uma autêntica loucura: são dois anos a marcar posição, fazer contactos, arranjar dinheiro e viajar. Viajar muito, por um país enorme, com 50 estados – sendo que aos estados-chave é preciso ir várias vezes.
Depois desses dois anos quase sem parar, então aí, começam as votações. Corrida após corrida, os milhões que têm que se gastar aumentam e o tempo dedicado pelos candidatos à disputa eleitoral vai-se alargando.
Uma corrente de analistas que começa a olhar para a Presidência Obama com uma certa desilusão identifica uma discrepância um pouco preocupante para Barack: como candidato à presidência foi brilhante; como Presidente, nem sempre tem conseguido dar conta do recado.
Será que o cada vez mais exigente processo eleitoral na América está a criar um tipo de candidatos vencedores que não reúnem, propriamente, as características adequadas para se ser Presidente? Serão dois momentos tão diferentes que haverá o risco de não poderem ser assumidos pela mesma pessoa?
David Plouffe, o 'mago' que dirigiu a campanha de Obama, garante que não: «Uma corrida presidencial na América é tão exigente que só quem está muitíssimo bem preparado pode ter sucesso. O Presidente sabe o que tem a fazer na Casa Branca, do mesmo modo que soube o que tinha que fazer quando estava em campanha.»
Na mesma linha, Paul Begala, conselheiro de Bill Clinton nos anos 90 e apoiante de Hillary durante as primárias, observa: «A maneira como está organizado o calendário eleitoral dá-nos uma garantia: quem conquistou a Casa Branca teve que passar por várias provas, tanto a nível político, como no plano da resistência psicológica e mesmo física.»
A linha dura, um moderado ou Romney?
Com o risco que implica falar-se sobre algo que só vai começar a acontecer daqui a dois anos, lanço os cinco nomes que se perfilam como os mais prováveis para a nomeação republicana de 2012.
Pela ordem de probabilidades: Mitt Romney, Sarah Palin, Mike Huckabee, Tim Pawlenty e Bobby Jindal. A menos que apareça, do lado republicano, um «furacão» idêntico ao de Obama nas primárias democratas de 2008, o adversário do actual Presidente em 2012 vai partir do lote acima exposto.
Muito dependerá do que vier a acontecer em duas frentes: em primeiro lugar, até que ponto o fantasma da «desilusão» continuará a perseguir Obama durante o primeiro mandato; depois, será importante perceber como mudará o panorama político nas intercalares de 2010.
Depois da gigantesca derrota de 4 de Novembro de 2008 (dia em que perdeu a Casa Branca e ofereceu aos democratas um controlo absoluto do Senado e da Câmara dos Representantes), o Partido Republicano andou à deriva, sem saber para onde caminhar.
A eleição de Michael Steele para chairman do Comité Nacional (oficialmente, o líder do partido, mas na prática um cargo com pouca relevância política) revelou a pressa de reagir à Obamania: basicamente, Steele só foi eleito... por ser negro, numa resposta mimética ao que acontecera com os democratas, mas uma comparação com Obama seria motivo para uma gargalhada.
A queda de Obama nas sondagens tem dado alento aos republicanos. Mas ainda não se percebeu qual será a orientação dominante para 2012: uma colagem à ala dura, protagonizada por Sarah Palin ou Mike Huckabee, ou uma aposta numa figura moderada, capaz de disputar o eleitorado independente – que abriria caminho a Tim Pawlenty ou Bobby Jindal?
No meio desta dualidade, poderá emergir Mitt Romney, que reúne as duas vertentes: é conservador em temas como o aborto ou matérias fiscais, mas mostrou credenciais centristas na governação do estado do Massachussets, que lhe valeram uma boa votação junto dos independentes e mesmo de algum eleitorado democrata.
Romney parte à frente
Mitt Romney, 62 anos, parte como favorito. Foi terceiro nas primárias de 2008 (desistiu em Fevereiro mas, caso tivesse continuado, teria ficado à frente de Mike Huckabee e só atrás de McCain).
Foi governador do Massachussets, estado democrata e liberal, cumprindo um mandato bem-sucedido, no qual aprovou um plano de saúde com bons resultados.
No mundo empresarial, foi CEO da Bain & Company e dirigiu a organização dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, em Salt Lake City.
Tem, no entanto, um problema que já o perseguiu na campanha de 2008: é mórmon, uma igreja olhada com desconfiança por uma fatia significativa do eleitorado. Filho de George Romney (antigo governador do Michigan e candidato presidencial nas primárias republicanas de 1968), Mitt tem fortes hipóteses de vencer em estados importantes nas primárias. Não por acaso, tem passado as últimas semanas no Iowa e New Hampshire...
O factor Sarah Palin
Falta saber quanto tempo durará o factor Sarah Palin. A candidata a vice no ticket de McCain passou a ser uma figura nacional, mesmo que nem sempre pelas melhores razões.
O surpreendente abandono do cargo de governadora do Alasca, função na qual nem sequer terminou o primeiro mandato, baralhou ainda mais as contas.
Aos 45 anos, é apontada como um dos nomes para a renovação – e tem sido uma das vozes mais acidamente críticas desta administração democrata.
Se os conservadores optarem um nomeado com traços mais agressivos contra Obama, Sarah pode saltar para a liderança da corrida republicana.
Os outros
Ainda há Mike Huckabee, 54 anos, antigo pastor baptista, ex-governador do Arkansas e segundo classificado nas primárias de 2008.
Muito forte nos estados do sul, mais talhados a votar em candidatos que se enquadrem nos velhos parâmetros do Partido Republicano, Mike alia um discurso profundamente conservador a uma imagem simpática e bem-disposta.
Tim Pawlenty, 49 anos, é o governador do Minnesota. Chegou a ser apontado como escolha mais provável de McCain para a vice-presidência. Tem posições moderadas e é forte nos independentes.
Piyush 'Bobby' Jindal, de apenas 38 anos, governador da Luisiana, filho de indianos, pode ser a surpresa da corrida republicana. Governa um estado maioritariamente conservador, mas com forte presença da comunidade negra. A sua juventude e o discurso ponderado parecem apontar uma aposta inovadora.
Por enquanto, vai garantindo que nem sequer é pré-candidato, mas um hipotético sucesso de Jindal torná-lo-ia o mais jovem Presidente da história americana: terá apenas 41 anos em 2012, menos um do que Theodore Roosevelt tinha quando tomou posse.
ABOLA.PT- Por Germano Almeida é jornalista de A Bola e autor do blogue CASA BRANCA

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