Quando Barack Obama tiver terminado a ronda asiática que hoje inicia, terá visitado 20 países como Presidente americano. Mas alguns observadores comentam que, provavelmente, nenhuma outra viagem lhe colocou tantos desafios.
O chefe da Casa Branca vai procurar retomar os laços - políticos, económicos e de segurança - com uma região relativamente esquecida pelo seu antecessor. Uma região que está a pôr em causa o papel dos Estados Unidos no mundo.
É longa e variada a lista que Barack Obama leva para debater com os vários líderes asiáticos com quem se encontrará, num périplo que se inicia no Japão, passa por Singapura, tem a sua etapa mais importante na China e termina na Coreia do Sul (ver caixa). Alterações climáticas, comércio, direitos humanos, segurança, Irão, Afeganistão, Coreia do Norte... Mas o Presidente pode tirar partido do facto de ter sido o único líder norte-americano a ter vivido na Ásia.
"O principal objectivo da ronda asiática de Obama será dar garantias aos governos asiáticos, e aos seus públicos, que os Estados Unidos continuam interessados em manter as suas relações económicas, políticas e de segurança com a região", resumiu ao PÚBLICO Tim Huxley, director do programa asiático do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (IISS), de Londres. "Isto vem contra uma percepção generalizada que o papel dos EUA na Ásia pode estar em relativo declínio à medida que as potências asiáticas (a China e talvez a Índia) crescem em poder e confiança".
A Administração quer mostrar ao continente que "compreende a importância da Ásia no século XXI", adiantou por seu lado Ben Rhodes, vice-conselheiro para a Segurança Nacional, citado pela Reuters. "Fará muitos compromissos de uma forma muito abrangente para fazer avançar uma série de questões que são críticas para a nossa prosperidade e segurança", comentou.
O Presidente americano parte com a vantagem de gozar de um alto índice de popularidade nos países que visita, e de levar uma mensagem de cooperação aos seus anfitriões - um sinal muito claro de que Washington está agora focado noutras questões que não só as do extremismo islâmico, que dominou a agenda da Administração de George W. Bush. Mas isso não diminui o desafio que tem pela frente.
Questões de política interna (a reforma do sistema de saúde, o desemprego e o envio de tropas para o Afeganistão) podem tornar-se obstáculos nesta ronda, salientava a Reuters. São potenciais focos destabilizadores quando Obama quiser negociar a redução de gases com efeito de estufa, ou trocas comerciais e acordos de comércio livre - questões em que o Presidente enfrenta a oposição de grupos americanos, cujo apoio necessita para a aprovação das outras políticas.
É por isso que Jeffrey Engel, especialista em relações sino-americanas do Scowcroft Institute for International Affairs (Texas), também diz "não esperar muito drama desta viagem", afirmou ao PÚBLICO por e-mail. "Não haverá grandes anúncios ou avanços dramáticos nas questões económicas e estratégicas centrais que a região enfrenta." A visita será mais para "re-solidificar as relações numa região fundamental do mundo, depois das dificuldades diplomáticas dos últimos oito anos" da Administração Bush, continua Engel.
PUBLICO.PT
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