Um tribunal decidirá hoje se Laura Dekker, uma menina holandesa de 14 anos que quer dar a volta ao mundo sozinha num veleiro, e que no último final de semana fugiu para a ilha de Sint Maarten, nas Antilhas Holandesas, será retirada da guarda de seu pai.
A decisão do tribunal foi adiada porque o advogado de Laura, Peter de Lange, questionou a imparcialidade dos três juízes que trabalham no caso. Os três são os mesmos que proibiram a viagem de Laura em outubro passado. A objecção do advogado foi rejeitada.
Laura, que desapareceu na última sexta-feira, regressou à Holanda ontem terça, depois de ter sido avistada em Sint Maarten por uma pessoa que então avisou a polícia. Assim que chegou à Holanda, a menina foi interrogada pela policia. Ela viajou a Sint Maarten via Paris com seu passaporte neo-zelandês, que havia sido renovado em Londres. Na última quarta-feira, teriam dito que ela poderia ser retirada da guarda do pai, por causa de uma fuga acontecida anteriormente.
Plano frustrado
Laura Dekker apareceu pela primeira vez nas manchetes em agosto, quando revelou seu plano de ser a pessoa mais jovem a dar a volta ao mundo sozinha num veleiro. Na época, ela tinha 13 anos. Seus planos para a viagem com seu veleiro Guppy – um Hurley 800 de 8,3m, financiado por patrocinadores - , que duraria dois anos, foram frustrados pelas autoridades holandesas. Se tivesse obtido permissão para a aventura, ela continuaria seus estudos pela internet e manteria contato com a família por telefone.
Em outubro, o tribunal decidiu que Laura precisaria de um curso de primeiros socorros e de um treinamento para o rígido regime de sono que deveria seguir como velejadora solitária, com 20 minutos de sono e 20 minutos acordada.
Seu advogado, Peter de Lange, disse à imprensa que Laura fugiu porque estava depressiva e sofrendo na escola por causa da enorme pressão de sua situação e da exposição na mídia.
Seu pai disse que sua filha queria fazer a tentativa de uma viagem solo de veleiro ao redor do mundo, mas que está sendo retida por autoridades da Agência de Protecção à Infância, apesar de ter passado todos os testes psicológicos, que indicaram que ela é capaz de enfrentar uma jornada deste tipo. “E aí eles procuram outras coisas para retê-la. Você pode imaginar que uma criança fique desapontada com isso”, diz o pai.
Mãe preocupada
A mãe de Laura, Babs Muller, que está separada de Laura e seu pai desde que a menina tinha seis anos, poderá ganhar a custódia da filha. Em setembro, ela disse que acreditava que sua filha era tecnicamente capaz de fazer a viagem ao redor do mundo, mas estava preocupada com sua segurança nos portos e com o isolamento psicológico no mar.
Nesta terça-feira, os avós de Laura, Rick e Riet Dekker, deram uma declaração ao jornal holandês Volkskrant contra o posicionamento da Agência de Protecção à Infância, dizendo que a abordagem insensível da agência havia transformado sua neta “de uma adolescente empreendedora e positiva em uma menina que se esconde por trás de um escudo e que perdeu a confiança nos adultos”.
O ministro de Assuntos da Família, André Rouvoet, disse que está feliz em saber que Laura Dekker foi encontrada e que voltou à Holanda, mas reservou sua decisão sobre o que deve acontecer na sequência.
RNW
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