PRAIA-Carlos Veiga anuncia "oposição leal" ao PAICV e promete apresentar alternativas em prol do país. Tudo o que for lesivo dos direitos e interesses dos cabo-verdianos merecerá vigoroso combate do MpD.
A nova direcção do MpD, principal partido da Oposição, vai criar nos próximos dias, um governo-sombra, para, nos diversos sectores, assegurar "capacidade à oposição" que o partido é neste momento. A garantia é do novo presidente do MpD, Carlos Veiga, e foi dada sábado, no encerramento da IX Convenção Nacional do partido, na Praia. Este governo-sombra, indica Carlos Veiga terá a responsabilidade de preparar "com eficácia" o novo "governo MpD", em 2011.
Outra aposta da nova direcção é no sector da comunicação. Neste particular, Carlos Veiga assegurou que serão feitas apostas para que a informação possa ser veiculada de forma não desvirtuada e sem tabus. "É necessário que os militantes tenham acesso à informação sempre actual da actividade partidária", precisou, afirmando mesmo que é "importante" que o partido disponha de "canais de informação interna que nunca adormeçam e disponha igualmente de canais tecnologicamente adequados, com recurso à informação electrónica".
Em estilo de avaliação da magna reunião, efectivada sexta e sábado na Praia, Carlos Veiga que sucede a Jorge Santos, que entretanto assume uma das duas vice-presidências, concluiu que as metas e os propósitos foram atingidos. "Passámos com distinção esta prova", avaliou, indicando que o partido está preparado para responder a desafios maiores, quais sejam "dar solução" ao problema do desemprego massivo que fustiga o país.
Para já, o antigo primeiro-ministro que governou o país entre 1991 e 2000, adverte que não basta que Cabo Verde seja considerado um País de Rendimento Médio. "É preciso que os indicadores económicos e sociais o confirmem", anota, para de seguida considerar que é "fundamental" que os cabo-verdianos sintam que, na verdade, vivem num PRM.
No seu discurso, o novo líder da Oposição, condenou a actual governação do país que segundo ele "falhou redondamente", e mostrou-se preocupado diante da realidade dos números. Desemprego na casa dos 22% (em média, de 46% entre os jovens e de 25% entre as mulheres), endividamento do país (cerca de 70% do PIB), apenas para citar estes. "Sabemos que, sem crescimento económico, não resolvemos o problema do desemprego, da pobreza, das grandes disparidades sociais que o actual governo engendrou ao longo dos últimos dez anos. Por isso é que o futuro Governo MpD desde já equaciona os problemas e começa a testar soluções para retirar Cabo Verde da crise em que, pela sua incompetência e pelas suas políticas inconsistentes, o PAICV deixou mergulhar o País", assegurou.
Combater o desemprego é segundo Veiga a prioridade máxima do MpD sob sua liderança. E uma das formas para reverter a realidade actual, é apostar em áreas como turismo, entendida como "alavanca" para o desenvolvimento. "Sem ambiguidades, dizemos ainda que não há desenvolvimento coerente e harmonioso se não existir um sistema de transportes que integre as diferentes ilhas, desencravando-as do isolamento", acrescentou.
Oposição leal
Ainda no seu discurso de encerramento da Convenção, Carlos Veiga reiterou que o MpD vai zelar por uma "oposição leal", no parlamento. "Uma oposição capaz de apresentar alternativas, de tomar a iniciativa de propostas legislativas", acrescentou, assegurando na mesma oportunidade que o MpD "não receará" apoiar o que figurar como benéfico para a Nação. Entretanto, tudo o que for lesivo dos direitos e interesses dos cabo-verdianos merecerá vigoroso combate do MpD, assegurou o seu presidente.
Antes de finalizar a sua comunicação, Carlos Veiga enumerou como adversários do MpD, a pobreza, o desemprego, o atraso, a incultura e o crime, e prometeu "combate sem tréguas" para ultrapassar estes que ele classifica de "inimigos".
Um governo para resolver problemas
Confiante na vitória em 2011, Carlos Veiga assegura que o seu governo irá criar as bases para um crescimento sustentado e o desenvolvimento da economia nacional, garantindo mais segurança e mais justiça aos cidadãos. Um governo que irá resolver os "graves problemas" estruturais existentes e que dará à juventude claras perspectivas de futuro e condições para a sua afirmação. "Será um Governo que assume o compromisso de não procurar substituir a acção, necessariamente ponderada e coerente, por abundância de palavras com o único objectivo de distribuir ilusões, desviar atenções e adormecer consciências, como vem acontecendo nos últimos anos", prometeu.
"Moções parcelares"
Nesta magna reunião, houve espaço para os militantes apresentarem "moções parcelares". O antigo presidente, Agostinho Lopes, levou ideias que podem ser adicionadas à moção apresentada por Carlos Veiga. Isaura Gomes também levou subsídios, com enfoque para a ilha de S. Vicente e seus problemas socioeconómicos.
A JpD também expôs ideias na magna reunião e o seu presidente Miguel Monteiro colocou tónica sobretudo na questão do emprego entre os jovens.
Os novos órgãos
A IX Convenção Nacional do MpD foi também ocasião para eleger os novos órgãos do partido. Carlos Veiga terá dois vice-presidentes: Jorge Santos e Ulisses Correia e Silva. É também criada a figura de Secretário-geral do MpD. Agostinho Lopes foi indigitado para o cargo.
A Comissão Política Nacional é ainda integrada pelos seguintes membros: Austelino Correia, Janine Lélis, José Filomeno, Isaura Gomes, Humberto Cardoso, Eurico Monteiro, Filomena Gonçalves, Paulo Figueiredo, Cristina Leite, José Luís Livramento, Milton Paiva, António Semedo e Américo Silva. O líder parlamentar e o presidente da JpD têm assento na referida Comissão.
O Conselho Jurisdicional é presidido pelo advogado João Gomes, e integrado por João Dono, António Aleixo, José Freitas Brito e Daniel Spencer.
A mesa da Direcção Nacional é presidida por Rui Figueiredo Soares e integrada por mais 46 militantes.
EXPRESSODASILHAS.CV
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