A Holanda tornou-se o sétimo maior exportador de armas no mundo. No ano passado, atingiu o recorde, exportando um bilhão e 300 milhões de euros em armamento militar.
O país que é conhecido pelos tribunais internacionais de Haia, como o Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre crimes de guerra e a Tribunal Internacional de Justiça, que julga divergências sobre soberania, fronteiras e litígios entre países, é, ao mesmo tempo, um grande produtor e comerciante de navios, tanques e munições que alimentam conflitos armados.
Contradição
A Holanda é ainda o berço de inúmeras organizações pacifistas e de apoio a países pobres, muitas vezes beligerantes. Um relatório divulgado nesta quarta-feira mostra essa contradição "a de apoiar o diálogo e a paz e ao mesmo tempo fornecer armas para a guerra".
Segundo o autor do relatório, Frank Slijper, da Campanha contra o Tráfico de Armas, os maiores compradores são os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, como a Alemanha, Portugal, a Grécia e a Turquia. A Indonésia, ex-colônia holandesa na Ásia, também é uma grande compradora legal de armas.
Armas ilegais
De acordo com Frank Slijper, em entrevista à Rádio Nederland, a Holanda só vende material militar oficialmente a governos e instituições reconhecidas internacionalmente. Mas, segundo ele, através do porto de Roterdão são distribuídas armas de outros países da União Européia, muitas vezes sem controle das autoridades locais. Actualmente, as barreiras alfandegárias e fiscais foram abolidas entre os países da União, facilitando o comércio ilegal de armas.
Brasil
O Brasil não figura na lista dos dez últimos anos como um grande comprador de armas vindas da Holanda. Mas Frank Slijper acha possível que muitas armas possam estar sendo enviadas para o Paraguai ou Suriname e daí chegarem ilegalmente ao Brasil, contrabandeadas.
"Na América Latina a venda de armas, através da Holanda, ainda é pouco representativa, em termos numéricos. Porém, o comércio de armas tem influência na política latino-americana. Um exemplo disso foi a venda, pela Bulgária, através do Porto de Roterdão, de armas e munições para Honduras".
Honduras
Em doze de março desse ano passou pelo Porto de Roterdão uma carga de dez mil rifles e um milhão de unidades de munição destinadas às Forças Armadas de Honduras. Em 28 de junho, os militares bem abastecidos derrubaram o presidente Manuel Zelaya. O golpe militar trouxe insegurança, instabilidade e temor da volta das ditaduras militares que assolaram o continente latino-americano nos anos setenta e oitenta.
RNW-Por Mário de Freitas
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