Uma equipa de três médicos e quatro enfermeiros dos Hospitais da Universidade de Coimbra partiu ontem para Cabo Verde, que vive a braços com a primeira epidemia de dengue do país. Há mais de nove mil pessoas infectadas e pelo menos seis mortos. Outro médico partirá na próxima semana para reforçar a equipa de voluntários que é financiada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e equipada pelo Ministério da Saúde.
Esta é a resposta do Governo português ao apelo lançado pelo Executivo cabo-verdiano. Os profissionais de saúde, especialistas em cuidados intensivos e doenças crónicas, vão ser destacados para o Hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia, podendo ser contudo afectados a outras áreas caso essa seja a decisão das autoridades. A equipa ficará oito a dez dias no arquipélago, disse ao DN o seu coordenador, o médico João Paulo Almeida e Sousa, mas poderá ser substituída por outra caso haja necessidade de alargar a missão.
"Nós vamos fazer em Cabo Verde aquilo que fazemos todos os dias, que é tratar doentes graves" acrescentou, destacando a rapidez com que a equipa foi organizada. O médico referiu que apenas um dos elementos tem experiência em missões de emergência - esteve em Bam, Irão, após o terramoto de 2003. Junto com os profissionais seguem também medicamentos para tratar os sintomas da doença, já que não existe um fármaco específico para a dengue.
A doença, transmitida por um mosquito, caracteriza-se por febres altas, dores de cabeça (na região frontal) e atrás dos olhos e por um cansaço generalizado. No caso da dengue hemorrágica (mais grave e que pode ser fatal), surgem também hemorragias. O mosquito que transmite a doença existe em Cabo Verde, mas esta é a primeira vez que ocorre uma epidemia da doença. Os primeiros casos começaram em Setembro, tendo as mortes ocorrido apenas esta semana.
"Nós vamos mobilizar toda a sociedade para o combate, na medida em que a forma eficaz de lutar contra a epidemia consiste em interromper o ciclo de transmissão vectorial da doença", disse o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves. As autoridades, que lançaram apelos não só a Portugal, mas também a Espanha, França, Brasil e Cuba (que já prontificaram a enviar médicos, medicamentos e equipamento), estavam a ponderar declarar o estado de emergência. Há relatos de casos de doença em todas as ilhas, à excepção de Boa Vista e de Santo Antão.
Para ajudar a conter a epidemia, o Governo cabo-verdiano disponibilizou 400 mil euros e recrutou médicos e técnicos de saúde já reformados. Além disso, declarou a tolerância de ponto na passada sexta-feira, de forma a envolver toda a sociedade civil na campanha nacional de limpeza e irradicação do mosquito - que se desenvolve em locais com água parada.
A epidemia da dengue surge no momento em que o arquipélago se debate também com a gripe A. Já foram registado 62 casos no arquipélago, segundo o balanço da Organização Mundial de Saúde, nenhum dos quais mortal. Segundo as informações dos jornais locais, os hospitais estão a abarrotar e os repelentes desapareceram dos supermercados e farmácias.
DN.PT-Por Suzana Salvador
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