sábado, 5 de dezembro de 2009

CV(EXPRESSO):Empreendedores de origem cabo-verdiana estão a olhar para Cabo Verde – Marc Pacheco


PRAIA-O senador estadual de Massachusetts  participou recentemente na Praia no Fórum "Associação Mais Portugal-Cabo Verde". Durante a sua curta estada, encontrou-se com o presidente da CMP, Ulisses Correias e Silva com o qual abordou possíveis aéreas de cooperação no sector do turismo, das energias renováveis e de parcerias do sector de educação que já existem com a Universidade de Bridgewater. O senador do Estado,onde reside uma das maiores comunidades cabo-verdianas nos EUA, falou dos problemas com que se deparam e dos contributos que deram à história dos Estados Unidos

Sr. Senador, como está integrada a comunidade cabo-verdiana em Massachusetts?
Senador Marc Pacheco - Há uma comunidade muito grande de cabo-verdianos e toda a Nova Inglaterra, especialmente em Massachusetts, onde o reitor da Brigdewater State College de origem cabo-verdiana. Os cabo-verdianos assimilaram muito bem a cultura americana, mas não deixaram de manter a sua riqueza histórica e a sua própria cultura neste grande pote cultural que é a América, mas mantendo a sua identidade própria.
Enquanto indivíduos, os cabo-verdianos contribuíram muito para a história dos Estados Unidos, mas enquanto movimento, especialmente nos anos 50, 60 e 70 colaboraram muito, especialmente zonas da Nova Inglaterra e de Massachhuttes no desenvolvimento dos Estados Unidos.
Durante a sua curta estada encontrou-se com o presidente da CMP. Que temas, para o interesse do município abordaram?
Foi a primeira vez que visitei a Praia, embora não seja a primeira vez que tenha visitado Cabo Verde. Já tinha encontrado com Ulisses Correia e Silva em outras circunstâncias antes de ele ser presidente da CMP, tanto em Lisboa como nos Estados Unidos. Aqui, na Cidade da Praia falamos bastante sobre energias renováveis, sobre as oportunidades que existem, aqui em Cabo Verde e sobre as oportunidades relativamente ao turismo.
Sobre as energias renováveis que decisões saíram do encontro?
Falamos das possibilidades de criarmos parcerias para explorar as energias renováveis tanto aqui em Cabo Verde como nos Estados Unidos e podemos colaborar mais neste sentido. Falamos também nas parcerias nas áreas da educação e já existe, neste momento, uma parceria entre a Universidade de Bridgewater e a Universidade de Cabo Verde. Depois de me encontrar com o presidente da Câmara encontrei-me como presidente da Universidade. Resumindo, falamos das energias renováveis, das hipóteses de turismo e das parcerias da educação. Obviamente, o presidente da Câmara interessou-se em saber mais sobre a integração cabo-verdiana no Estado de Massachussetes onde sou senador. Como se sabe, nos Estados Unidos, a identidade e o indivíduo são a pedra basilar do sistema democrático americano, em que qualquer cidadão pode participar na vida política ou exercer a sua influência através do voto, portanto neste sentido reflectindo a importância de cada indivíduo independententemente da sua origem, mas onde os cabo-verdianos têm uma expressão grande no Estado de Massachussetes.
Uma coisa que eu gostava de salientar, é que há um peso relativamente grande no Estado que eu represento, mas uma coisa importante é que muitos originais lusófonos, desde cabo-verdianos a portugueses e brasileiros, não estão registados nos sensos americanos. Eu penso que, enquanto americanos, é muito importante registarem-se, assumindo as suas origens, por uma questão de representatividade. É muito importante que estas pessoas que não estão registadas que se registem, para que possam votar. Porque qualquer que não vote, está a deixar a decisão na mão de outras pessoas, ao invés de tomar uma decisão activa, na parte que o afecta. Nas últimas eleições, houve uma representatividade bastante maior na votação de cabo-verdianos, de americanos de origem africana e de comunidades lusófonas que conduziu à eleição do Governador Duval Patrick e que já foi bastante maior, mas é importante que esse número continue a aumentar para que a representação de números minoritários como estes vejam os seus interesses defendidos e como tal aumentar o número de cabo-verdianos que votam nestes círculos. Patrick Duval é o primeiro governador afro-americano que foi eleito em Massuchussetes. Esta eleição foi muito importante do ponto de vista histórico, porque o governador representa um grupo minoritário na zona e foi de facto eleito. Tal como a eleição do presidente Barack Obama foi muito representativo para os Estados Unidos.
Inclusivamente a eleição de Barack Obama teve a colaboração de muitos cabo-verdianos que lhe deram muita força, em Massachussetes, na campanha que o levou a ser eleito. A mensagem que eu deixei ao presidente da Câmara e que trouxe à Conferência da Praia " Mais Portugal, Mais Cabo Verde" é a importância e os grandes laços históricos que existem entre Cabo Verde e os Estados Unidos e há cada vez maior participação dos cabo-verdianos nos Estados que fortalecem essas relações e ligações que podem existir entre os dois países e também o crescimento dos próprios Estados Unidos com a colaboração mais representativa dos cabo-verdianos e isto leva a que as possibilidades sejam, de facto, ilimitadas.
Isto, porque, neste momento existe uma grande comunidade de empreendedores de origem cabo-verdiana nos Estados Unidos que está a olhar para Cabo Verde tanto na área das energias recicláveis como no turismo e esta mensagem está a passar. Existe uma relação histórica muito forte entre os Estados Unidos e Portugal e com muitas nações africanas, e que é uma grande oportunidade de colaboração, onde também Cabo Verde pode também ter um papel como a relação que existe com Angola e Moçambique nos desenvolvimentos futuros. Uma das coisas que muito me chamou a atenção em Cabo Verde nos últimos tempos foi a passagem da Secretária Norte Americana a Cabo Verde, em que ela salientou o grande exemplo que Cabo Verde é para a África em termos de democracia, uma democracia que funciona e que está implantada e que permite um investimento externo com segurança no vosso país.
Há o problema de ilegais cabo-verdianos nos Estados Unidos. Que solução antevê?
Existe, de facto, alguma imigração ilegal de Cabo Verde e de países lusófonos, mas no fundo de todas as comunidades e de todos os países do mundo. Sou muito aberto à emigração, mas defendo que se devem seguir processos e formas de o fazer. Como tal a emigração deve passar por um processo legal e justo para todas as pessoas que queiram ir para os Estados Unidos. Este tipo de decisões não pertence à minha esfera política, mas sim a nível nacional do Congresso. Depois do Congresso resolver os problemas ligados à saúde pública e às alterações climáticas globais, penso que o Congresso fará a revisão política da imigração e desenvolvirá uma nova política neste sentido. Mas isto é uma questão federal, onde não tenho voto e por isso não poderei exercer muita influência.
Os cabo-verdianos, nos Estados Unidos, votam nas eleições legislativas e presidenciais o que tem alterado o resultado dessas mesmas eleições. Uma vez que devido às diferenças horárias podem-se encomendar votos, qual é na sua opinião a forma de contornar este problema?
Nos Estados Unidos temos também uma situação similar, ou seja, enquanto estão a votar na costa Este e já fechadas estas votações ,na costa Oeste, no Alaska e no Havai, ainda está aberta a votação. Mas a forma como é feita a votação em Cabo Verde cabe ao governo de Cabo Verde decidir. Não me compete nem devo pronunciar-me sobre esse assunto. Eu trabalho no sistema político norte-americano e aí fazem as coisas da forma que entendem.
Poderá um dia um cabo-verdiano chegar a presidente dos Estados Unidos?
Eu próprio sou 100 por cento português de origem, mas nasci nos Estados Unidos e sou 100 por cento americano. O mesmo pode passar com um cabo-verdiano que tenha nascido nos Estados Unidos, mas que no fundo é 100 por cento cabo-verdiano e também 100 por cento americano. A Constituição norte-americana não permite que alguém que não tenha nascido nos Estados Unidos possa ser presidente. Cito o exemplo do governador Schwarzennegger que, apesar de já estar naturalizado americano, pode ser governador, mas não pode ser presidente dos Estados Unidos. Depende de Estados para Estados, até onde um não natural pode assumir cargos políticos, mas na Califórnia ele é de facto governador. Sendo naturalizado pode fazê-lo, mas não pode por lei nacional, candidatar-se a presidente dos Estados Unidos. Só um cidadão nascido nos Estados Unidos pode candidatar-se a presidente dos Estados Unidos. A Constituição está feita desta forma para garantir a própria soberania dos Estados Unidos, por forma que a pessoa se candidate ao cargo mãos alto da nação e que nomeie os representantes do Supremo Tribunal que sejam cidadãos que nasceram e viveram nos Estados Unidos.
A reforma de saúde do presidente Obama poderá ajudar de alguma forma os cabo-verdianos mais carenciados?
Muitos cabo-verdianos que vivem e em Rhode Island  que nesta momento não têm acesso à irão ter acesso aos cuidados da saúde dentro da reforma de Obama. Isto iria ajudar a muitas famílias cabo-verdianas que têm mais dificuldades, dando-lhes mais acesso à saúde e retirando um esforço em conseguir todos os meios de subsistência que até agora só são cobertos pelos seguros: desta forma todos teriam todos acesso às saúde pública. Esta lei iria permitir que todos os cabo-verdianos que estão legalmente nos Estados Unidos, mesmo não sendo legalmente americanos, tenham acesso à saúde pública.
EXPRESSODASILHAS.SAPO.CV

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