Brasileira é condenada por forjar ataque neonazista e tentar enganar a Justiça da Suíça; defesa alegava que ela era inocente pois sofre de problemas psiquiátricos.
ZURIQUE-A Justiça da Suíça considerou, nesta quarta-feira (16), a brasileira Paula Oliveira culpada por mentir sobre um suposto ataque de neonazistas ocorrido no dia 9 de fevereiro na saída da estação de trens de Stettbach, em Zurique. Segundo os jornais 20min e Neue Zürcher Zeitung, que noticiaram a condenação, ela terá que pagar multas que totalizam cerca de R$ 18 mil por ter tentado enganar autoridades suíças. O Tages-Anzeiger afirmou que, além das multas, a brasileira terá que arcar com as custas do processo, de 2,5 mil francos suíços (R$ 4,2 mil), e as custas da investigação, valor que ainda não foi calculado, mas que será alto. Só o diagnóstico psiquiátrico custou 20 mil francos suíços (R$ 33 mil).
O advogado da brasileira, Roger Muller, deixou o tribunal sem falar com a imprensa, mas ele terá um prazo de dez dias para recorrer.
O tribunal acatou a tese do promotor público responsável pelo caso, Marcel Frei, que alegou que Paula teve um comportamento “metódico e pensado de cada detalhe do caso”. De acordo com Frei, o motivo da invenção do ataque foi a mentira que Paula havia contado para seu namorado – que estava grávida de gêmeos. O promotor afirmou que apenas dois dias depois do ataque Paula teria uma consulta com um ginecologista e teria ficado com medo de que a farsa fosse descoberta pelo namorado. “A coisa toda foi uma tentativa lamentável e impotente de se salvar”, disse o promotor segundo o 20min.
Em 16 de fevereiro, ÉPOCA revelou que Paula anunciou a gravidez aos amigos enviando uma imagem de ultrassom que poderia ser encontrada no site de buscas Google.
Durante o julgamento, Paula, que havia confessado as mentiras sobre o ataque e sobre a gravidez à polícia suíça, voltou atrás, e reafirmou as agressões.
“Eu fui agredida”, disse Paula, acrescentando que o brutal ataque é “a verdade que está guardada na minha cabeça”, afirmou ela segundo o 20min. De acordo com o advogado da brasileira, Paula só teria confessado a mentira pois estava sob pressão dos policiais. Eles teriam dito a ela que tudo acabaria mais rápido se ela confessasse. “Eu estava em choque e só queria escapar às pressões da mídia”, disse.
Segundo o jornal suíço Tages-Anzeiger, a defesa da brasileira se vale de um diagnóstico feito pelo médico David Garcia, do Hospital Psiquiátrico Universitário de Zurique, para alegar que ela sofre de Distúrbio da Personalidade Narcisista e de Pseudologia Fantástica, sinônimo de mitomania, a compulsão por mentir. Por conta dessas doenças, Paula seria inocente e teria causado os ferimentos sem intenção de enganar as autoridades suíças.
Entenda o caso Paula Oliveira
O ataque a Paula Oliveira foi divulgado em 11 de fevereiro e causou revolta no Brasil. Paula teria sido cercada por três homens na saída da estação de trens de Stettbach, perto de sua casa. Carecas, vestindo roupas escuras e com suásticas tatuadas na pele, eles a teriam arrastado para uma das saídas da estação e agredido com socos e pontapés.
Enquanto dois a seguravam, um deles passou a cortar seu corpo com um estilete e escreveu a sigla SVP, uma referência ao Partido do Povo da Suíça (Schweizerische Volkspartei em alemão), de extrema direita. Após o ataque, Paula teria se escondido em um banheiro, onde teria sofrido o aborto dos gêmeos.
Mais tarde, ficou comprovado que o ataque era uma farsa, e que os ferimentos foram auto-infligidos. A suposta gravidez da brasileira também se comprovou uma mentira. Em 13 de fevereiro, autoridades suíças afirmaram que exames comprovaram que ela não estava grávida.
GLOBO.COM/ÉPOCA
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