PRAIA-As autoridades sanitárias cabo-verdianas só deverão ter certezas amanhã sobre as suspeitas de uma epidemia de dengue no país, quando chegarem os resultados das análises remetidas para o Instituto Pasteur, em Dacar (Senegal).
A informação foi avançada pelo ministro da Saúde cabo-verdiano, Basílio Ramos, numa conferência de imprensa destinada a fazer o ponto de situação sobre o surto de doenças que têm assolado desde fins de Setembro as ilhas de Santiago e do Maio, que congestionaram as "urgências" dos hospitais locais.
Basílio Ramos admite que Cabo Verde está exposto à frequente circulação de pessoas provenientes de países com doenças endémicas, razão pela qual "não se pode descartar o surgimento de surtos epidémicos".
Dengue, paludismo, febre-amarela e chikungunya (doença viral, provocada pela picada de mosquitos infectados; idêntica à febre de dengue e caracteriza-se por febres elevadas dores articulares e erupões cutâneas) são algumas das doenças suspeitas, pois todas são transmitidas por mosquitos, cujo número tem aumentado devido à época das chuvas que se vive no arquipélago. Ainda sobre a chikungunya existe sobretudo nas ilhas do Índico - sobretudo das Comores, Maurícias, Seychelles e Reunião - e é uma doença reumatológica emergente, que além de febre provoca dores nas articulações, sobretudo das mãos, pulsos, pés e tornozelos, sendo normalmente curável com anti-inflamatórios e analgésicos e raramente fatal.
Basílio Ramos diz que o Ministério da Saúde está à espera dos resultados de exames enviados para Dacar, uma vez que é necessário identificar o agente da doença, mas confirma haver indícios de que se trata de uma virose transmitida por mosquitos.
"Dada a existência, em Cabo Verde, de duas espécies de mosquitos transmissores de doenças, designadamente o anoppeles gambiae (paludismo) e o aedes egypti (dengue, febre-amarela, chikungunya), e o facto de se registar a circulação de pessoas entre o arquipélago e alguns países onde estas doenças são endémicas, os riscos de surtos não podem ser descartados", justifica. Face a esta possibilidade o Ministério da Saúde cabo-verdiano já elaborou um plano estratégico de pré-eliminação do paludismo, cujo eixo principal da intervenção é a luta contra o vector da doença. "É fundamental que cada cabo-verdiano, família, instituição, e a sociedade no geral assuma a sua responsabilidade em termos de eliminação de potenciais viveiros de mosquitos", adverte o ministro Basílio Ramos.
A ilha de Santiago, em Cabo Verde, registou, só na última semana, 11 novos casos de paludismo, doença que se julgava praticamente erradicada, havendo ainda suspeitas de possíveis larvas e mosquitos que poderão ser transmissores de dengue e febre-amarela.
De há quase duas décadas a esta parte os casos de paludismo (também conhecido por malária) em Cabo Verde são maioritariamente importados da Guiné-Bissau ou Senegal, uma vez que a política de esterilização do mosquito levada a cabo pelas autoridades cabo-verdianas há mais de 20 anos levou à quase erradicação da malária.
Ainda no panorama sanitário, Cabo Verde conta com 62 casos confirmados de gripe A (H1N1), sem que se tenham registado óbitos, enquanto grassa na ilha de Santiago uma virose, ainda de cariz desconhecido mas que as autoridades locais negam estar relacionada com a gripe A, que tem levado centenas de pessoas às urgências dos hospitais e centros de saúde locais.
OJE/LUSA
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