ROTTERDAM- A comunidade cabo-verdiana residente na Holanda prepara-se para fazer uma grande homenagem ao ilustre cantor e compositor Manuel D`Novas, falecido em Mindelo- S.Vicente na madrugada de 28 de Setembro do corrente ano. Segundo os organizadores, a morte de Manuel D`Novas “foi uma perda irreparável para a cultura de Cabo Verde e lamentada pelos cabo-verdianos”. E tendo vivido na Holanda e sido companheiro de muitos cabo-verdianos que ainda residem neste País, decidiu-se pela homenagem.
A iniciativa partiu da Fundação Cabo Verde-Os Amigos, liderada por Luís Fortes, um empresário cabo-verdiano residente há mais de 40 anos na Holanda.
Realça-se que Manuel D`Novas ainda tem uma irmã, Ana Ramos, e muitos outros familiares na Holanda. É tio por exemplo do conhecido jornalista, activista comunitário e compositor Guy Ramos.
Sendo mindelense e amigo do falecido, Luís Fortes, apesar de ainda consternado com a perda do conterrâneo e amigo resolveu liderar esta iniciativa para homenagear aquele que ele considera “um dos maiores compositores cabo-verdianos de todos os tempos”.
Luís Fortes, presidente da Fundação, nasceu a 1 de Fevereiro de 1945 na ilha de S.Vicente -Cabo verde. Em 1963 emigrou para a Holanda, tal como muitos outros conterrâneos a procura de uma vida melhor. O seu primeiro trabalho no País das túlipas foi o de marinheiro, num navio de longo curso. Mais tarde fixou a sua residência na cidade de Roterdão.
A par do seu trabalho, Luís Fortes sempre foi um desportista nato e, por isso, não foi estranho ter entrado numa escola de artes marciais e de ter sido um exímio karateca, conquistando vários torneios e acumulando medalhas e títulos. Foi campeão da Holanda, da Europa e campeão de um torneio de preparação para um campeonato mundial de karate em 1975.
Foi o primeiro cabo-verdiano a participar num filme de artes marciais que ficou famoso no mundo inteiro com o nome de "Kung Fu Against Godfather”-1975.
Luís Fortes é um dos empresários cabo-verdianos de sucesso na Holanda e um dos grandes defensores da cultura cabo-verdiana em todas as suas vertentes.
Para Fortes, a cultura é o elemento identitário, construtor da unidade e da coesão que deve reinar entre os cabo-verdianos residentes e os não residentes.
Tem como hobby o gosto pela música, canta e toca violão e é apologista de uma vida saudável aconselhando por isso sempre os jovens a não enveredarem pelos caminhos que levam à degradação da integridade física e mental do ser humano como o uso de bebidas alcoólicas, drogas e outros vícios nocivos a vida.
Instado pela nossa reportagem se essas iniciativas são para continuar, Luís Fortes respondeu dizendo que “na comunidade há um grande vazio em termos de organizações defensoras da nossa cultura e dos cabo-verdianos carenciados, principalmente os da primeira geração” que vivem na Holanda e que por isso a sua Fundação quer preencher esse vazio no campo cultural como também no lado humanitário.
Adiantou-nos, por exemplo, sem citar nomes, que havia um cabo-verdiano que vivia em condições infra-humano aqui na cidade de Roterdão e que como queria regressar à terra mãe e não podia, a sua organização custeou a passagem de retorno desse compatriota e responsabiliza-se por uma mesada até ao fim dos seus dias.
Sobre a Cultura adiantou-nos que o próximo passo será fazer uma homenagem aos grandes homens das letras cabo-verdianos, desde os tempos dos pré claridosos até aos contemporâneos.
Uma missa de sufrágio em homenagem ao falecido que será rezada pelo Padre Bernardo, no dia 1 de Novembro, pelas 12 horas. Uma semana mais tarde, no Domingo 08 de Novembro de 2009, haverá uma tarde cultural destacando-se as seguintes actividades:
Perfil de Manuel D`Novas por José Gomes, conhecido por Djuka di Djony.
Tarde musical onde serão cantadas e tocadas somente composições do homenageado com vários artistas presentes.
Declamação de poemas.
Será também servido um cálice de grogue aos presentes assim como o prato mais tradicional de Cabo Verde, a famosa cachupa.
LIBERAL.SAPO.CV-Por Norberto Silva
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