terça-feira, 27 de outubro de 2009

MOÇAMBIQUE:FRELIMO DEVERÁ VENCER AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E PRESIDENCIAIS


MAPUTO-A Frelimo e o actual presidente Armando Guebuza deverão vencer com facilidade as eleições legislativas e presidenciais de quarta-feira em Moçambique. Em simultâneo, decorrem pela primeira vez eleições provinciais.

A campanha eleitoral durou 45 dias e foi marcada por acusações de abuso de poder e desigualdade no acesso aos meios de comunicação. A Frelimo foi a única formação com dinheiro para pagar tempo de antena na televisão e, segundo a acusação dos seus opositores, o partido no poder terá usado meios do Estado para pagar quatro helicópteros, que permitiram grande mobilidade ao favorito nas presidenciais, Armando Guebuza, que venceu em 2004.
O principal adversário de Guebuza será o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, reeleito em Agosto líder do maior partido da oposição e que já perdeu por três vezes em presidenciais, para candidatos da Frelimo. Dhlakama disse durante a campanha que, caso perca, não se voltará a recandidatar. Há ainda um terceiro candidato, Daviz Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
A votação deverá estar bipolarizada em torno da Frelimo e da Renamo, que foram adversários durante a guerra civil. O processo de legalização foi especialmente difícil para os pequenos partidos, que alertaram esta semana para a possibilidade de fraude.
Dia 24, em Maputo, um grupo de sete pequenas formações políticas avisou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) - a organização regional a que pertence Moçambique - de que existe um risco do país se transformar "numa Guiné-Bissau ou Zimbabwe", numa referência ao caos político.
Na sequência de uma mudança de lei, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) rejeitou a participação destes partidos em alguns dos círculos eleitorais. É emblemático o caso do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o mais forte destes pequenos partidos e o único que tinha hipóteses de contrariar a bipolarização. O MDM, que reúne dissidentes da Renamo (contestaram o autoritarismo de Dhlakama), só estará em quatro dos 13 círculos eleitorais.
Citado pela Lusa, um dirigente do MDM, Ismael Mussá, afirmou que o processo era pouco claro e adiantou que "o sorteio de empresas que forneceram as urnas e o software à CNE não cumpriu as regras" legais. A CNE justificou a rejeição das candidaturas dos pequenos partidos pelo facto de não terem cumprido a lei em vigor desde Abril. "Há partidos que entregaram documentos incompletos", explicou um elemento da comissão, citado pela Lusa.
Os observadores da União Europeia já sublinharam que têm ampla liberdade na sua missão de observação e os enviados da Commonwealth, também presentes na votação, fizeram entretanto um apelo à realização de eleições transparentes.
Durante a campanha, a Frelimo prometeu prosseguir políticas de desenvolvimento económico e combate à pobreza. A Renamo alertou para os perigos de Guebuza poder alterar a Constituição, permitindo um terceiro mandato na presidência. As acções de campanha da Renamo centraram-se no norte, onde Dhlakama tem a sua base de apoio.
Assim, os ataques mais duros vieram de Simango, que acusou a Frelimo de criar um regime monopartidário dissimulado. O líder do MDM diz que existe uma tentativa de dar à Frelimo maioria constitucional, com a conivência da CNE.
O cenário provável de vitória folgada da Frelimo tem sobretudo a incógnita da dimensão. Até que ponto irá desfazer-se a bipolarização e será a oposição suficiente para impedir a alteração da Constituição? De resto, só mais tarde Guebuza deverá desfazer as dúvidas relativamente ao eventual terceiro mandato: sucessão tranquila, como fez Joaquim Chissano, ou poder total?
DN.PT-Por Luis Naves

1 comentário:

  1. Suponho que se trata de uma ma percepçao da realidade moçambicana. Porquanto, nao eh antecipadamente visivel um vencedor. As eleiçoes estao renhidas. Nao eh permitido sondagens, as que existem as amostras nao sao representativas. Tratam-se de sondagens via redes sociais, que como se sabe, o numero de pessoas com acesso ao computador eh bastante reduzido, ou seja representa alguma fasquia das cidades. Mas sabe-se que cerca de 70% da populaçao vive nas zonas rurais onde a Renamo tem as suas bases de apoio. Portanto, tirando ilaçoes a partir dos resultados autarquicos eh errado.
    A ideia corrente eh de que a Frelimo tem mais ou menos 2 milhoes de votos garantido dos seus membros, a Renamo com 1 milhao. Estara em disputa cerca de 5.5 milhoes de eleitores que nao pertecem a nenhum partido com cerca de 500 mil para o MDM. Anteve-se assim que nas presidenciais nenhum deles consiga mais de 50% de votos, pelo que havera segunda volta nas presidenciais entre Armando Guebuza e Afonso Dhakama. Em relaçao as legislativas havera uma reparticao de mais ou menos 30% para a Frelimo, MDM e a Renamo, e 10% para as restantes forças.

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