O Brasil vai propor à África do Sul um acordo especial de comércio, uma iniciativa no âmbito do "grande interesse" do Governo brasileiro por África.
"Vou propor ao ministro da Indústria e Comércio um acordo especial de comércio entre o Brasil e a África do Sul", disse o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, no final de uma visita de um dia a Moçambique e a poucas horas de viajar para a África do Sul.
Miguel Jorge chefia uma delegação de 90 empresários, que esteve em Luanda, hoje Maputo, e termina a visita na África do Sul na quinta-feira.
Em entrevista à agência Lusa, em Maputo, o ministro explicou que com o Governo de Maputo foi discutido principalmente o financiamento de obras nos portos de Nacala e da Beira, no centro de Moçambique, estruturas que servirão para escoar o carvão de Moatize, em Tete, a ser explorado pela multinacional brasileira Vale. Mas a visita serviu também para "o empresariado brasileiro estabelecer parcerias" que permitirão joint ventures entre empresas dos dois países. É um processo que começou há já algum tempo e com base no qual já foram identificadas áreas de interesse, como confecções e calçado.
O Brasil, fris, tem "grande interesse em África", continente que está na prioridade da política externa do país desde o ano passado, afirma Miguel Jorge, precisando que o "top das prioridades" do Governo brasileiro são África e América Latina. É por isso que, diz, o Presidente Lula da Silva "esteve já em mais de 20 países de África" e que a missão que agora chefia é a quarta em África, estando previstas mais duas missões no próximo ano.
"Temos grandes oportunidades, como África também tem, um continente com uma cultura parecida, uma história parecida e onde em vários países a língua é comum", afirma. Angola faz parte desse processo de aproximação, país onde trabalham cerca de 40.000 brasileiros, "uma das maiores colónias de língua brasileira no exterior", diz Miguel Jorge, acrescentando que mais empresas brasileiras se irão instalar no país. Da visita a Luanda, salienta, ficou assente, entre outras, a instalação de uma empresa de tubos de aço em Catumbela.
"Em Moçambique, além dos projectos importantes como o da Vale, vamos avaliar no final do mês os financiamentos para os portos de Nacala e Beira e também discutimos a possibilidade de financiar barragens, além de projectos na área da transmissão de energia, defesa e construção civil", diz o ministro.
A promoção do aumento do comércio entre os dois países poderá incidir noutras áreas, estando Miguel Jorge acompanhado por empresários de sectores como alimentos e bebidas, agronegócio, casa e construção, indústria locomotiva, máquinas e equipamentos, materiais eléctricos, e até cosméticos.
De Janeiro a Outubro deste ano o comércio entre o Brasil e Moçambique foi de 102,5 milhões de dólares (68 milhões de euros), mais 260,8% que em igual período do ano passado (28,4 milhões de dólares, ou 19 milhões de euros).
Nos 10 primeiros meses deste ano as exportações brasileiras para o país alcançaram os 67 milhões de euros, 253% mais que no ano passado nos mesmos meses.
Moçambique comprou ao Brasil, principalmente, aviões, carne de frango congelada, reboques, semi-reboques e tractores.
Muito mais modestas foram as exportações moçambicanas, praticamente apenas tabaco, representando 1,4 milhões de euros.
OJE/LUSA
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