Uma experiência brasileira no cultivo de camarões em cativeiro será replicada em Cabo Verde com base em joint venture, revela a empresa Universo Pescados do Ceará.
"Vamos unir tecnologia brasileira e recursos holandeses para implementar um criatório (viveiro) de camarão na Ilha de São Vicente", adianta o engenheiro de pesca Fabiano Lima.
O empresário avança que o projecto está orçado em cerca 1.350 milhão de euros, sendo 50% (não reembolsáveis) do programa Private Sector Investment (PSI/EVD), um fundo do Governo holandês que destina recursos para projectos em países emergentes.
Os restantes 675.000 euros, segundo Lima, serão divididos entre a Universo Pescados e a cabo-verdiana Sucla, especializada no processamento de pescados, empresas que oficializaram a joint venture.
"A construção do criatório de camarão começará em Janeiro de 2010 e deverá operar ainda em Maio", assinala o engenheiro, ao apontar que 120 dias depois será possível fazer a primeira captura.
Segundo Fabiano Lima a fazenda de camarão vai ocupar uma área de 20 hectares e terá condições de produzir 80 toneladas por ano, "num primeiro momento, quantidade suficiente para atender o consumo de Cabo Verde, que hoje importa o crustáceo". Passada a fase de maturação do projecto a produção "tenderá a aumentar para até 140 toneladas/ano, com o excedente destinado à exportação", acrescenta o engenheiro, ao assinalar que esse projecto estava a ser avaliado há cerca de um ano.
A Universo Pescados, localizada em São Gonçalo do Amarante, a 60 quilómetros de Fortaleza, está no mercado há quatro anos e actua ainda na importação e exportação de alimentos específicos para a piscicultura e carcinicultura.
"O objectivo da joint venture com a Sucla é também comercializar o pescado e desenvolver a aquicultura em Cabo Verde", explica o sócio-director.
A Universo já trabalha noutro projecto com a parceira cabo-verdiana, para a criação de tilápia, que vai servir de isca na captura de atum. "A previsão é iniciar em Abril de 2010", adianta Lima, ao sinalizar que o projecto será formatado nos moldes do desenvolvido para o camarão.
O director-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), diz que a entidade já é tradicional articuladora de negócios para Cabo Verde e, com essa iniciativa, sai de uma mera relação comercial para uma relação empresarial.
"É um passo adiante", assegura Carlos Cruz, ao observar que o projecto se enquadra no compromisso assumido pelo Governo Lula da Silva "de transferência de tecnologia para os países africanos". A "ideia é que esse modelo de parceria com países africanos, já testado e aprovado, possa ser realizado noutros Estados brasileiros e até noutros negócios além do sector de pesca".
OJE/LUSA
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