Os países africanos precisam investir 93 mil milhões de dólares (62 mil milhões de euros) por ano na próxima década para tornar eficientes as redes de electricidade, água, estradas e tecnologias de informação, revela um estudo do Banco Mundial.
Intitulado "Infra-estruturas em África: Tempo para a mudança", o diagnóstico do Banco Mundial adianta que este valor representa mais do dobro do anteriormente estimado para tornar eficientes as infra-estruturas.
O estudo concluiu que os países da África subsaariana gastam anualmente 45 mil milhões de dólares (29 mil milhões de euros) na construção e manutenção de infra-estruturas, identificando "desperdícios consideráveis", que, a serem resolvidos, aumentariam os recursos financeiros disponíveis em 17 mil milhões de dólares (11 mil milhões de euros).
Só para resolver a crise de fornecimento de energia, que segundo o Banco Mundial está a impedir o crescimento em África, será necessário quase metade dos 93 mil milhões de dólares.
Menos de 60% da população africana tem acesso a água potável e, em relação às redes de transporte, as ligações aéreas estão em declínio, os portos mal equipados, os caminhos-de-ferro envelhecidos e falta de estradas asfaltadas, segundo o relatório.
O estudo dá ainda conta do aumento do número de utilizadores de telemóveis de 10 milhões em 2000 para 180 milhões em 2007, adiantando que, apesar do forte investimento privado em infra-estruturas, o elevado preço dos serviços continua a ser um problema.
O estudo mostra ainda que o estado de degradação das infra-estruturas na África subsaariana reduz em 2% o crescimento económico anual de cada paísm e em 40% a produtividade.
Moçambique, que com Cabo Verde foram os únicos países lusófonos analisados no relatório, é o sexto país que maior percentagem do seu PIB - 6,47 milhões de euros em 2008 -, (acima dos 20%) precisa investir em infra-estruturas entre 2006-2015, numa lista que tem nos lugares cimeiros a República Democrática do Congo, Etiópia, Níger, Madagáscar e Senegal.
Em volume de dinheiro, Moçambique ocupa a 13.ª posição entre 24 países, com as necessidades de investimento a situarem-se abaixo dos 20 mil milhões de dólares.
A liderar a lista está a África do Sul, que precisa de investir 60 mil milhões de dólares, logo seguida da Nigéria (20 mil milhões de dólares).
Cabo Verde é o país que menos precisa de investir em infra-estruturas.
"Este relatório demonstra que o investimento de fundo sem atacar as ineficiências do sistema seria o mesmo que deitar água num balde furado. África conseguirá tapar esses buracos através de reformas e de um melhoramento das suas políticas, o que funcionará como um sinal aos investidores, no sentido de que o continente está preparado para a actividade económica", diz Obiageli Ezekwesili, vice-presidente do Banco Mundial para a região africana.
Benim, Burquina Faso, Cabo Verde, Camarões, Chade, Republica Democrática do Congo, Costa do Marfim, Etiópia, Gana, Quénia, Madagáscar, Malawi, Mali, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Ruanda, Senegal, África do Sul, Sudão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia foram os países que participaram no estudo.
OJE/LUSA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.