O avanço do comércio entre o Brasil e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) depende de "uma grande articulação entre Governos e iniciativa privada", afirma o consultor internacional Altair Maia.
"O comércio entre Brasil e África ainda é incipiente e precisa ser trabalhado". Segundo o especialista os países africanos importam cerca de 500 mil milhões de dólares (330 mil milhões de euros), dos quais menos de 10 mil milhões de dólares (7 mil milhões de euros) do Brasil. "É menos de 2%", afirmou Maia, especialista em questões africanas, à margem do II Encontro de Portos da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que decorre até quinta-feira em Fortaleza, no Estado brasileiro do Ceará.
Para o consultor há um bom potencial de negócios na costa ocidental africana, mas o crescimento do intercâmbio comercial depende de estratégias eficientes. "Não se trata de criar uma linha marítima directa, mas de estudar as linhas existentes e criar condições para uma escala em África. Todo o navio que sai do Brasil desvia de África, quando o mais viável e económico seria oferecer incentivos aos armadores para escalas em portos africanos", afirma.
"Temos parceiros como o Senegal, Guiné-Bissau, Nigéria, Benin e Angola, que poderiam ser distribuidores de mercadorias brasileiras na África, mas ainda falta um link para chegar até lá [à África]", aponta, ao sinalizar que o processo incluiria acordos governamentais e incentivos às companhias de navegação.
Maia observa que muitos produtos brasileiros são comprados por importadores africanos na Europa. "Ora, se existe preço competitivo para isso. Por que não embarcar do Brasil para a África?"
A ideia de uma acção conjunta do Governo, exportadores e armadores, segundo sugere, contemplaria a selecção de portos brasileiros como concentradores de mercadorias, assegurando volume, regularidade e agilidade no transporte marítimo.
"Creio que os [portos brasileiros] mais viáveis seriam de Salvador, na Baía; de Suape, em Pernambuco,;e do Mucuripe ou Pecém, no Ceará", cita.
O Brasil concentra 37 portos públicos, 42 terminais privativos e três complexos portuários que movimentam cerca de 700 milhões de toneladas de mercadorias por ano, respondendo por mais de 90% das exportações, conforme dados disponibilizados pela organização do evento.
O II Encontro de Portos, evento técnico realizado pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República do Brasil (SEP/PR) e pelos portos da CPLP, inclui workshops, palestras e exposições e reúne líderes empresariais dos países lusófonos como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
Participam ainda no encontro representantes de associações internacionais de outros continentes, informa a organização do evento, que estima em 150 o número de participantes.
A primeira edição do Encontro de Portos da CPLP realizou-se em Setembro de 2008, na cidade de Leixões, em Portugal.
OJE/LUSA
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