PRAIA-O governador do Banco de Cabo Verde afirmou dia 2 de Dezembro que as perspectivas económicas para 2010 serão melhores do que as dos dois anos anteriores, mas admitiu como possível uma subida das taxas de juro.
Numa entrevista ao semanário cabo-verdiano Expresso das Ilhas, Carlos Burgo dava conta dos resultados e recomendações contidas no Segundo Relatório de Política Monetária/2009, que prevê para 2010 um crescimento económico entre os 4% e os 5% e uma subida de dois pontos percentuais na inflação.
Carlos Burgo, que raramente dá entrevistas, lembrou que, a nível internacional, as taxas de juro estão "muito baixas", na sequência da crise económica mundial, e que, internamente, o arquipélago ficou com menos recursos.
"O que resulta daqui é que temos sinais de que pode haver uma ligeira tendência para aumento das taxas de juro a nível nacional, embora essa tendência seja contrariada pelo baixo nível das taxas de juro a nível internacional", sustentou.
O governador do BCV sublinhou que, se se tiver em conta apenas o crescimento económico, poderá haver a tentação de se concluir que a crise económica internacional poderá estar no fim, alertando, porém, que "não se pode ignorar" que persistem ainda muitos problemas por resolver.
"O desemprego continua alto (em Cabo Verde situa-se nos 18%, segundo o governo, ou nos 22%, segundo a oposição) e a crescer de forma significativa nos países desenvolvidos. Por outro lado, as famílias estão num processo de desendividamento, o que limita a procura", referiu.
"As condições de financiamento continuam desfavoráveis e receia-se que as próprias medidas de combate à crise possam comportar, a prazo, sérios riscos", alertou.
Para Carlos Burgo, a crise criou um "grande desafio", o de criar novas bases para o funcionamento do sistema financeiro, "cujos excessos estiveram na origem".
Sobre os efeitos da crise em Cabo Verde, Carlos Burgo disse que o país "não foi afectado directamente", mas admitiu que, com a desaceleração da economia, o negócio "cresceu menos" e a qualidade dos activos sofreu "alguma degradação".
Manifestando-se "optimista" para 2010, Carlos Burgo frisou, porém, que ninguém pode dormir descansado", uma vez que Cabo Verde tem ainda muitos desafios pela frente, exemplificando com a necessidade de melhorar a competitividade da economia, de forma a elevar o potencial de crescimento.
"Devemos também ter em conta a sustentabilidade da dívida pública (em 2010 será de 77% do PIB, segundo dados oficiais). Isto é importante para a estabilidade da economia e para o futuro do país. Mas quando se pede dinheiro emprestado, há sempre a questão da utilização que se lhe dá. Se se pede emprestado porque há necessidade e isso se traduz em benefícios para o país, então é uma boa opção", sustentou, para concluir:
"Neste momento, estamos a fazer um grande esforço de infra-estruturação e é compreensível que o país esteja a endividar-se. Temos é de garantir a boa qualidade desse investimento e de ter a certeza de que terá impacte no crescimento da economia", referiu.
OJE/LUSA
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