PRAIA-Carlos Veiga, líder da oposição cabo-verdiano, concorda com a possibilidade do aumento de taxas de juro em 2010, admitida pelo governador do Banco de Cabo Verde (BCV), defendendo ser consequência dos maus resultados das políticas do Governo.
"Os riscos estão a tornar-se maiores. O país está a endividar-se cada vez mais e o rating de risco tornou-se mais gravoso. Temos de considerar que, tecnicamente, o governador do BCV tem razão", afirma Carlos Veiga quando confrontado com as afirmações de Carlos Burgo numa entrevista ao semanário Expresso das Ilhas.
O presidente do Movimento para a Democracia (MpD), referindo-se às razões apontadas para este aumento, defende que o aumento das taxas de juro decorre não só da crise internacional mas também dos maus resultados das políticas do Governo e do mau funcionamento da economia nacional.
Carlos Veiga sustenta que as políticas do Governo não deram resultados nas áreas prioritárias, como o desemprego, o crescimento económico e a pobreza.
A título de exemplo o líder do maior partido da oposição de Cabo Verde aponta o facto de o Governo se apoiar nas importações, no consumo interno e na ajuda que, diz, "quando diminuem acabam por acarretar aumento de dívidas e empréstimos".
Carlos Veiga critica também a aposta nas infra-estruturas, que "não é a melhor para o desenvolvimento" do país, por não ter em conta critérios de oportunidade e do fim custo/benefício. No seu entender "nenhum país se desenvolve nesta base", pelo que o MpD é a favor da promoção de exportações, do investimento privado e do "aproveitamento da capacidade endógena e competitividade das empresas nacionais".
A aposta na inovação e novas tecnologias, na qualificação dos recursos humanos do país e na exportação de serviços são outros caminhos que devem ser seguidos na definição de políticas, acrescenta, sublinhando ser esse o caminho que o MpD pretende seguir no futuro para se diferenciar do actual Governo.
Sem deixar de congratular-se com a intenção do Governo em rever as taxas fiscais no domínio dos registos notariais, o ex-primeiro-ministro (1991/2000) defende que todas elas acabam por sobrecarregar os "custos de contexto e de oportunidade", nos quais Cabo Verde, considera, está a perder neste momento.
A previsão de aumento das taxas de juro em 2010 avançada por Carlos Burgo será "ligeira" e foi feita com base nos resultados do Relatório de Política Monetária de 2009, que aponta ainda que este ano haverá um crescimento entre 4 e 5%, com um índice de preços ao consumidor a rondar os 2%.
Apesar do aumento das taxas de juro, o relatório do BCV aponta que a economia cabo-verdiana estará melhor em 2010 que em 2008 e 2009.
OJE/LUSA
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