LUANDA-Mais de mil angolanos expulsos da República Democrática do Congo (RDC) estão concentrados junto à fronteira de Kimbata, Uíge, e são esperados mais 15 mil no mesmo local, afirmou o governador da província, Mawete Baptista.
"Mais de 15 mil pessoas encontram-se a caminho em direcção a fronteira de Kimbata expulsos de forma triste pelas autoridades do país vizinho, não sendo angolanos ilegais naquele território", lamentou Mawete Baptista citado pela imprensa estatal angolana.
A expulsão de angolanos da RDC começou na segunda-feira depois do Parlamento de Kinshasa ter aprovado uma autorização legal para o efeito.
Actualmente são já milhares, embora sem números oficiais, os cidadãos angolanos expulsos por populares congoleses para as fronteiras, com destaque para as províncias angolanas de Cabinda, Zaire e Uíge.
Angola e o Congo-Kinshasa partilham uma fronteira de dois mil quilómetros e em mais de uma dezena de postos fronteiriços foram registados agrupamentos de pessoas que deixaram a RDC, alguns após dezenas de anos de permanência no país vizinho.
A exemplo do que acontece nas fronteiras da província do Uíge com a RDC, também no Zaire e Cabinda, as autoridades provinciais e o Ministério da Reinserção e Assistência Social estão a colocar no terreno equipas para ajudar e apoiar os repatriados com bens essenciais, nomeadamente tendas, roupas e alimentos.
A par de Kimbata, no Uíge, onde o governador local, Mawete Baptista, já alertou para a chegada em breve de mais 15 mil pessoas, é em Pedra do Feitiço, no Zaire, onde se concentra o maior número de repatriados.
Perante este cenário, onde o número de angolanos expulsos da RDC nas fronteiras cresce a cada dia que passa, o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas angolanas, general Francisco Furtado, já disse, em declarações à Lusa, que Luanda não deve ripostar com medidas semelhantes.
Francisco Furtado sublinhou, no entanto, que existem mais de um milhão de congoleses em Angola e que os angolanos que estão a sair à força da RDC não são ilegais já que muitos são estudantes, outros refugiados do tempo da guerra e há também pessoas que ali viviam há mais de 30 anos com a sua situação regularizada.
"Mas os congoleses repatriados de Angola são todos ilegais que se dedicavam ao garimpo ilegal de diamantes", apontou o general.
Também o governo já criou uma comissão, liderada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, George Chicoty, que vai negociar com as autoridades de Kinshasa uma solução para o problema.
Os angolanos expulsos da região de Muanda, no Baixo Congo, relataram que algumas rádios locais estão a lançar apelos à população para perseguirem angolanos em retaliação pelas expulsões de Angola.
Os congoleses que foram expulsos de Angola são apontados pelos angolanos repatriados como os principais protagonistas das perseguições a angolanos em território da RDC.
DN.PT/LUSA.PT
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