quinta-feira, 8 de outubro de 2009

CULTURA:Cartas de Van Gogh agora estão na internet


Agora todos podem fazer sua própria pesquisa sobre Van Gogh. Ou simplesmente ler cartas muito especiais de um grande artista. Existem 819 cartas conhecidas de Vincent van Gogh e todas podem ser lidas, em formato de livro, com todo tipo de informação extra. E a partir de amanhã - 8 de outubro - haverá também um website científico sobre as cartas do artista, trazendo ainda mais informações.

“Há tantas pessoas, principalmente entre nossos amigos, que pensam que as palavras não são nada. Ao contrário, não é verdade. Saber dizer bem alguma coisa é tão interessante e tão difícil quanto pintar alguma coisa.” Vincent van Gogh a Emile Bernard, 19 de abril de 1888.
Uma citação de Vincent van Gogh (1853-1890) tirada de uma de suas muitas cartas em francês. Neste caso, o destinatário era o pintor Emile Bernard. No novo livro e no site estão todas as cartas conhecidas de Van Gogh, escritas entre 1872 e 1890 – ano de sua morte. Além disso, há também 83 cartas endereçadas a Van Gogh. Acredita-se que centenas de outras tenham se perdido.
Planeamento racional
“Ele tinha um grande talento para a linguagem. Escrevia bem, de maneira fácil e visual. Também era muito preciso”, define Leo Jansen, curador do Museu Van Gogh e um dos organizadores do livro ‘Vincent van Gogh – De Brieven’. “Se você vê como ele formulava seus pensamentos e os desenvolvia no papel, e como ele tentava elevar seu trabalho a um plano mais alto, você percebe que ele faz tudo de maneira racionalmente planejada. Ele, portanto, não era um gênio instável, que trabalhava de maneira aleatória e, sem mais nem menos, com sua criatividade insondável, pincelava qualquer coisa na tela. Ele era muito organizado e sabia muito bem o que fazia”, destaca Leo Jansen.

Resultado
A publicação anterior das cartas de Vincent van Gogh foi editada em 1990, apenas em holandês. Mas percebeu-se que havia muito interesse de outros países em uma edição científica em língua inglesa, com informações extra e também imagens dos trabalhos sobre os quais o artista escreve em suas cartas. Por isso o Museu Van Gogh decidiu atender a esta demanda.
Durante 15 anos, o Museu Van Gogh e o Instituto Huygens – ligado à Academia Real de Ciências da Holanda – trabalharam neste projeto. A versão mais extensa e científica está na internet:www.vangoghletters.org. O livro está sendo lançado em holandês, inglês e francês.
As cartas estão em ordem cronológica; há informações sobre cada destinatário; todas as obras de arte sobre as quais Van Gogh escreve – próprias ou de outros artistas, estudadas por ele – também estão reproduzidas. No site há ainda uma foto detalhada de cada carta. Assim é possível ver também todos os esboços desenhados por Van Gogh em sua correspondência.

Pensando no papel
”A escrita é, na verdade, um péssimo meio para fazer compreender as coisas”, escreveu Van Gogh a seu irmão mais jovem, Theo. Apesar disso, ele escreveu muito, especialmente para Theo, mas também para outros, e frequentemente em francês. Na maioria das vezes ele escrevia sobre arte, sobre as questões que o ocupavam como artista.
“Junto com a comunicação sobre questões essenciais, sua escrita era também pensamento sobre papel”, conclui o pesquisador Leo Jansen após 15 anos de estudos. “Isto fica claro no quadro ‘De Aardappeleters’ (Os comedores de batatas). Esta obra foi para ele um teste de suas capacidades, para mostrar que ele podia fazer uma composição baseada em estudos feitos anteriormente. Ele se preparou sistematicamente. Nas cartas é possível seguir todo este processo.”
A maioria das cartas pertence ao Museu Van Gogh, em Amsterdão. Até 3 de janeiro de 2010 uma parte delas estará em exposição. O livro foi editado em holandês pela Amsterdam University Press, em inglês pela Thames & Hudson, e em francês pela editora Actes Sud.
RNW-Por Philip Smet

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