A concentração de dezenas de milhares de congoleses e angolanos na fronteira de Luvo/Lufu, expulsos por Angola e República Democrática do Congo (RDC), pode degenerar numa "catástrofe humanitária" na região, alerta o Gabinete dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
O relatório de situação do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), elaborado após o envio para o terreno de uma missão que integra diversas agências das Nações Unidas, sustenta que a possibilidade de a situação se tornar "catastrófica" vai depender da continuação ou paragem das expulsões.
Segunda-feira à noite as autoridades dos dois países concordaram suspender as deportações e prosseguem contactos bilaterais para encontrar uma solução duradoura.
Os congoleses expulsos estão concentrados em províncias de fronteira como Baixo Congo, Bandundu e Kasai-Ocidental.
As agências humanitárias mostram-se particularmente preocupadas com a situação no Baixo Congo, onde já se encontram entre 15 e 20.000 repatriados, que ali chegaram na maioria ao longo dos últimos dois meses.
Kinshasa iniciou na semana passada a expulsão de angolanos, cujo número pode já ter chegado aos 30.000.
Na província do Zaire foram contabilizados cerca de 24.000 e no Uíge cerca de 4.500 pessoas.
Citado pela agência de informação das Nações Unidas (IRIN), o relatório sublinha que "grande número de expulsos está concentrado" próximo do posto fronteiriço Luvo/Lufu, na província angolana do Zaite (norte).
A principal preocupação identificada é o transporte e estão a ser acompanhadas as necessidades de água, saneamento, medicamentos e alimentação da população ali concentrada.
O relatório sublinha que a última vaga de repatriamentos forçados começou em Janeiro e "atingiu o clímax entre o final de Agosto e o presente. Desde o início desta vaga cerca de 18.800 cidadãos da RDC foram alegadamente expulsos de Angola".
O documento sublinha ainda que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados recolheu relatos de maus-tratos, detenções e roubos a emigrantes congoleses em situação irregular, expulsos da província angolana da Lunda Norte a partir de Maio deste ano. De acordo com a OCHA, cerca de 140.000 congoleses foram repatriados por Angola desde 2003, em seis grandes vagas.
Kinshasa invocou a reciprocidade de tratamento para iniciar a expulsão de angolanos, muitos dos quais residiam no país desde a guerra civil angolana.
OJE/LUSA
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