LUANDA-O líder do MPLA e presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, apontou hoje como caminho para o seu partido "não pactuar com a corrupção e com a apropriação de meios do erário público ou do partido".
Numa intervenção sistematicamente interrompida pelos aplausos dos mais de 3.000 delegados ao VI Congresso, José Eduardo dos Santos deixou um lote recheado de recados para o MPLA e para o país.
"Hoje é voz corrente equiparar a pessoa investida em funções políticas a um homem sem palavra, desonesto e sem escrúpulos. É necessidade absoluta assumir atitudes positivas que desfaçam essa imagem pálida e inconveniente de forma a dar credibilidade, valorizar e repor a nobreza da função dos dirigentes políticos".
José Eduardo dos Santos sublinha que o partido "tem dito isto por outras palavras" e adverte que "as nossas palavras e promessas devem corresponder aos actos que praticamos".
"No exercício das suas funções, os políticos devem respeitar as regras estabelecidas e as leis, pautando a conduta por comportamentos e procedimentos éticos e tendo no centro das preocupações o respeito pela pessoa humana". E pede o "fim da intriga, dos boatos e a manipulação de factos na comunicação social para prejudicar os outros". O que será necessário para esse efeito é, aponta, "uma direcção executiva esclarecida e dinâmica, o envolvimento dos militantes e de todos os órgãos do partido e a concretização de planos com métodos correctos e com disciplina".
"Devemos aperfeiçoar o modo de encarar a política, um modo pró-activo e rigoroso de mostrar o nosso empenho e dedicação que sirva para mobilizar milhões para a nossa causa", diz.
O presidente da República e do MPLA aproveitou, na senda do que têm sido as suas intervenções públicas mais recentes, mas hoje de forma mais incisiva, para lembrar que no país, "em cada 100 angolanos, 60 são muito pobres, não conseguem comer normalmente todos os dias, não têm acesso fácil a água potável, acesso aos cuidados de saúde nem casa normal para se abrigar". O "desemprego, o analfabetismo e a pobreza são três problemas muito graves e difíceis de resolver, que atingem especialmente as mulheres famílias e crianças". E explicou que, depois do final da guerra, a prioridade foi resolver os problemas dos deslocados, a reinserção social dos ex-militares e a reabilitação das vias de comunicação e pontes para se chegar a todo o país.
Os mais prementes problemas sociais por si apontados são agora também prioridade. "Os esforços do partido e da sociedade e grande parte dos recursos do país devem ser canalizados para a eliminação da pobreza, do analfabetismo e do desemprego", especificando que "a criança deve ser a primeira a beneficiar deste esforço" porque "o seu bem-estar é a garantia de um futuro melhor para Angola".
Mas José Eduardo dos Santos referiu ainda no arranque do congresso que o partido que dirige e é o maior de Angola, conduzindo o Governo desde 1975, e "pugna pela defesa das liberdades direitos e garantias dos cidadãos, e considera o direito à associação como fundamental". Exprimiu a sua "satisfação" pelo surgimento de organizações da sociedade civil e fundações, manifestando o reconhecimento pelo "auxílio que prestam na resolução de problemas". Mas apontou também a "discordância pelo facto de algumas" destas organizações "estarem a realizar tarefas e missões que competem aos partidos políticos. Pretendemos uma sociedade organizada e ordenada e onde cada um ocupe o seu espaço de intervenção nos marcos da lei, temos de promover o aperfeiçoamento dos regulamentos para que não haja confusão".
Para os problemas que persistem no país, como a pobreza, José Eduardo dos Santos, retomou a evocação da "pesada herança do colonialismo" que foi "agravada pelo período de guerra que o país viveu" até 2002.
OJE/LUSA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.