COP 15:Acordo tímido na cimeira do clima deixa muitas vozes decepcionadas
COPENHAGA-O Presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi a primeira voz a anunciar que a comunidade internacional, reunida na cimeira de Copenhaga, chegou a um acordo global sobre o combate às alterações climáticas. Um acordo que se seguiu ao entendimento entre EUA e as principais nações emergentes, nomeadamente a China, Índia, Brasil e África do Sul; mas que deixou muitas decepções.
"Temos um acordo", disse Sarkozy, acrescentando que "o texto que temos não é perfeito". O Presidente da França disse que todos os países, incluindo a China, terão de redigir planos de corte de emissões de gases com efeito de estufa até ao fim de Janeiro de 2010, mas Pequim recusou um ponto fulcral relativo às metas globais.
A ausência de objectivos de redução das emissões mundiais dos gases com efeito de estufa em 50% até 2050, necessária para limitar o aumento da temperatura do planeta em dois graus, é uma "decepção", afirmou Sarkozy.
Ao nível do financiamento aos países mais pobres para se adaptarem às alterações climáticas - para as quais quase não contribuíram, apesar de serem os mais afectados - ficou acordada a atribuição, a partir de 2020, de 100 mil milhões de dólares por ano (cerca de 70 mil milhões de euros).
A chanceler alemã Angela Merkel organizará negociações em Bona, "dentro de seis meses", para preparar a próxima conferência climática no México, em finais de 2010, revelou à imprensa o presidente francês Nicolas Sarkozy.
O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama, que hoje chegou à capital dinamarquesa para participar no encerramento da conferência da ONU sobre alterações climáticas, reuniu durante a tarde de hoje com os quatro principais países emergentes (Brasil, África do Sul, Índia e China), considerados actores-chave para um sucesso em Copenhaga.
Reacções de decepção
O Presidente dos EUA considerou que houve uma "conquista importante e sem precedentes" no que toca ao acordo que fechou com os países emergentes e a China afina pelo mesmo diapasão, tendo o principal negociador, Xie Zhenhua, dito que "toda a gente deve ficar feliz".
"Depois das negociações, ambos os lados conseguiram preservar o seu ponto de partida. Para os chineses tal era a sua soberania e interesse nacional", disse Xie.
Mas para outra potência emergente, o Brasil, o resultado é algo decepcionante. "É muito desapontador, mas não é um total falhanço se concordarmos em nos reunir de novo e resolver o que ainda está pendente", disse o embaixador Sérgio Serra.
A porta-voz da União Europeia também considerou que houve uma meia vitória. "Um acordo é melhor do que não haver acordo. O que foi possível hoje está longe das nossas expectativas, mas mantém vivos os nossos objectivos e ambições. Vai de encontro às necessidades dos países em desenvolvimento. Era o único acordo possível em Copenhaga", disse.
Já o director-executivo da delegação britânica do grupo ambientalista Greenpeace mostrou total desilusão face aos resultados da cimeira. "A cidade de Copenhaga é esta noite a cena de um crime, com homens e mulheres culpados a fugirem para o aeroporto. Não há metas sobre a redução de emissões e não há acordo sobre um tratado legalmente vinculativo", disse John Sauven.
Também Tim Jones, do Movimento para o Desenvolvimento Mundial e do Grupo de Pressão Anti-Pobreza, está desiludido com os resultados. "Esta cimeira foi uma desgraça total do princípio ao fim, culmindando de forma vergonhosa com um falhanço monumental que condenou milhões de pessoas no mundo inteiro a um enorme sofrimento".
SIC/LUSA
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