sábado, 19 de dezembro de 2009

SAARA OCIDENTAL

Aminatu Haidar promete "mais luta" pelo Saara Ocidental

A activista Aminatu Haidar afirmou, sexta feira(17), em declarações aos jornalistas em sua casa, que está disposta "a lutar até ao fim" pela independência do Saara Ocidental, reiterando duras críticas contra a actuação dos governos marroquino e espanhol.
Deitada numa cama em sua casa em El Aaiún, Aminatu Haidar, que só está a ingerir água e soro, afirmou que irá retomar "dentro de um mínimo de dois meses" as suas actividades habituais.
No interior da casa, estão alguns familiares e amigos mais íntimos da activista saaraui e o médico espanhol Domingo de Guzmán.
Aminatu Haidar, que realizou uma greve de fome de 32 dias no aeroporto de Lanzarote, Canárias, assegurou que psicologicamente "está muito forte", tendo relatado com emoção o reencontro com os seus dois filhos, Hayat e Mohamed.
"Quando o carro se aproximou da casa, o pequeno Mohamed começou a correr e saltou para o carro, ainda este estava em movimento, fiquei muito assustada", recordou a activista ao mesmo tempo que apertava a mão da activista Elghalia Djimi, uma das suas amigas mais íntimas.
Aminatu Haidar dedicou ainda duras palavras ao Estado marroquino, cuja estratégia definiu como "estúpida".
"Depois do discurso do rei Mohamed VI (no passado dia 6 de Novembro por ocasião do 34 aniversário da Marcha Verde), Marrocos confirmou que não vai aceitar a legalidade internacional nem as convenções internacionais ratificadas pelo país", disse aos jornalistas.
Para a activista, a actual situação "é muito perigosa, um passo atrás. Nós, como saarauis, não vamos ceder, nada vai impedir a nossa luta legítima para a auto-determinação".
Críticas a Zapatero
Haidar também lançou duras críticas contra a posição assumida pelo actual Governo espanhol, que acusa de ter tomado posição por Marrocos, e pediu ao primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero para "mudar a sua política face ao povo saaraui depois da grande reacção da sociedade espanhola".
"Não tenho muita confiança neste governo porque sempre apoiou a autonomia e Marrocos e nunca falou das violações dos direitos humanos cometidas contra uma população que até ontem era espanhola", criticou a activista, acrescentando que ignora se Espanha prometeu contrapartidas ao Governo de Rabat para o seu regresso.
Haidar dedicou ainda grandes elogios ao apoio demonstrado pela sociedade civil espanhola, que a "alimentou diariamente" durante a greve de fome.
Manifestação de apoio em Madrid mantém-se
A manifestação de apoio à activista Aminatu Haidar no sábado em Madrid mantém-se e contará com a presença de cerca de uma centena de portugueses, disse o presidente da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental.
Apesar dos últimos desenvolvimentos, as várias plataformas de solidariedade espanholas responsáveis pela manifestação decidiram manter a acção.
"É um momento importante para reafirmar esta vitória e a importância da causa saaraui", afirmou António Baptista da Silva.
Em Madrid, segundo o responsável, vai estar cerca de uma centena de cidadãos portugueses, que irão viajar até à capital espanhola de autocarro ou de carro próprio.
A Praça de Cibeles, no centro de Madrid, é o local escolhido para a manifestação, com início previsto para as 12h00 locais.
Aminatu Haidar, 42 anos, chegou ontem a El Aaiún às 01h15 (hora de Amsterdão) a bordo de um avião médico proveniente das Canárias, Espanha, onde realizou uma greve de fome desde 16 de Novembro.
A militante tinha sido impedida de entrar a 14 de Novembro em El Aaiún, acusada de não querer cumprir as formalidades de chegada, nomeadamente reconhecer a sua nacionalidade marroquina.
Antiga colónia espanhola, o Saara Ocidental foi anexado por Marrocos em 1975.
Apesar das tentativas de mediação nas Nações Unidas, mantém-se o impasse entre as duas partes: Rabat, que propõe uma ampla autonomia, e a Frente Polisário, que reivindica a independência.
SIC/LUSA

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