domingo, 13 de dezembro de 2009


Corrupção é baixa mas é perceptível nalgumas instituições

PRAIA-O nível de corrupção em Cabo Verde é baixo, mas é perceptível nas Alfândegas e em algumas câmaras municipais, indicam dois estudos comparticipados pelo Sistema das Nações Unidas no arquipélago. Um deles, elaborado pela empresa cabo-verdiana Afro Sondagem, refere que "a prática de corrupção em Cabo Verde não é frequente", tendo, porém, atingido níveis visíveis, quer nas Alfândegas, quer em algumas das 22 edilidades do arquipélago, que não são reveladas.
No primeiro caso, a percepção da corrupção entre os inquiridos subiu de 33 por cento, em 2006, para 37 por cento, em 2008, aumento inferior, contudo, ao registado junto dos questionados sobre o comportamento das câmaras municipais, que, em 2006 era de 16 por cento e que, dois anos depois, subiu para 24 por cento.
Novidade no estudo é a inclusão de um novo item, destinado a avaliar a predisposição dos cabo-verdianos para denunciar crimes, que atinge uma percentagem média de 67 por cento.
Desta forma, 68 por cento dos inquiridos estão predispostos a denunciar os chefes, 66 por cento os supervisores e 67 por cento os colegas.
Na avaliação da Assembleia Nacional, a Justiça e a Polícia, os inquiridos divergem. Enquanto o cidadão comum afirma maioritariamente não acreditar nestas instituições, o empresariado revela, no estudo, que "são honestas".
Já no domínio da criminalidade, o outro estudo, liderado por uma equipa de consultores cabo-verdianos chefiada por Maria de Lurdes Lopes, revela que há ainda uma taxa "elevada" de crimes, sobretudo nos grandes centros urbanos, como a Cidade da Praia e Assomada (ambas na ilha de Santiago), Mindelo (São Vicente) e nas diversas localidades da ilha do Sal.
"Preocupantes" são os números "elevados" dos roubos em viaturas e residências, sobretudo nas cidades, sendo curioso o facto de, no estudo, ser apontado que o roubo de animais continua a ser uma realidade, com a particularidade de acontecerem mais nos meios citadinos do que no mundo rural.
As causas apontadas no estudo são justificadas pelo elevado desemprego (16,8 por cento segundo o governo, 22 por cento segundo a oposição) e o consumo de drogas, que está a aumentar também entre os jovens, ligado à cultura de violência proporcionada pela pobreza.
Na apresentação dos estudos, a coordenadora do Sistema da ONU em Cabo Verde, Petra Lantz, chamou a atenção das autoridades locais para o facto de o fenómeno do suborno estar a tomar novas proporções, propiciando o desenvolvimento da corrupção.
Petra Lantz, porém, reconheceu que, em matéria de corrupção, o Governo de José Maria Neves tomou "medidas sérias", salientando que a vontade política reinante permite "ter um clima favorável ao combate em curso".
Por seu lado, a ministra da Justiça cabo-verdiana, Marisa Morais, admitindo que a questão está ainda "longe de ser resolvida", deu conta dos passos já dados pelo Governo, realçando a Lei Contra a Lavagem de Capitais, aprovada este ano pelo Parlamento, que vai permitir "combater a corrupção", um "fenómeno mundial a que Cabo Verde não está imune".
EXPRESSODASILHAS/LUSA

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