domingo, 13 de dezembro de 2009

CV(LIBERAL):TRABALHOS DE SANEAMENTO PÕEM A DESCOBERTO ALFÂNDEGA DO SÉCULO XVII


Têm sido encontradas espessas camadas de cinzas e de matéria carbonizada, por certo indiciadoras do enorme incêndio da Ribeira Grande, atiçado em 1712 pelo corsário Jacques Cassard. Foram igualmente achadas no local cerca de uma centena de balas de canhão, que poderão pertencer ao carregamento que Cassard tentou levar para a sua frota, mas que abandonou ao tomar conhecimento da aproximação das forças que, vindas do interior da ilha, pretendiam desalojar o invasor.
CIDADE VELHA- Serão da antiga Alfândega da cidade da Ribeira Grande as paredes e alicerces encontradas nas escavações que decorrem na Cidade Velha para instalação da rede de esgotos do Berço da Nação. Quando se abriam as valas na zona Baixa da Cidade Velha, junto à escola básica, os trabalhadores e os técnicos foram surpreendidos com o aparecimento de vestígios arqueológicos que, desde logo, indicavam ser de grande importância.
O Instituto do Património Cultural, que acompanha (como lhe compete) estes trabalhos, e os técnicos ao serviço da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago (CMRGS) de imediato tomaram as previdências para que os achados não fossem feridos pelas escavadoras, mesmo que tal implicasse atrasos no prosseguimento das obras.
Liberal sabe que arqueólogos britânicos já fizeram uma primeira observação destes elementos arqueológicos que se encontravam soterrados a uma profundidade de um metro. E que Manuel de Pina, presidente da Câmara, já contactou a Organização da Cidades Património Mundial a solicitar acompanhamento e aconselhamento.
Segundo Carlos Alberto Lopes, vereador para a Cultura da CMRGS, “tratar-se-á, no parecer do Instituto do Património, de uma parte da muito importante Alfândega que existiu na velha cidade de Santiago. Serão edificações do século XVII, que atestam a grande importância que a antiga capital de Cabo Verde teve para aquele tempo. Junto a estas paredes mestras que foram postas a descoberto, foi encontrado o primeiro pavimento da cidade, em empedrado cuidadosamente calcetado, datado do século XVI: está a uma profundidade de cerca de 1,80, o que deixa pressupor que o actual edificado surgiu sobre camadas que ocultaram a anterior cidade e que, de certeza, o leito da Ribeira de Maria Parda também veio a sofrer alteamento”.
De resto, assinalou-nos o vereador, têm sido encontradas espessas camadas de cinzas e de matéria carbonizada, por certo indiciadoras do enorme incêndio da Ribeira Grande, atiçado em 1712 pelo corsário Jacques Cassard. Foram igualmente achadas no local cerca de uma centena de balas de canhão, que poderão pertencer ao carregamento que Cassard tentou levar para a sua frota, mas que abandonou ao tomar conhecimento da aproximação das forças que, vindas do interior da ilha, pretendiam desalojar o invasor.
Entretanto, um porta-voz da CMRGS disse ao nosso jornal que estes achados “confirmam que muito do material monumental da Cidade Velha se encontra ainda soterrado e desconhecido. À medida que vá ressurgindo à luz do dia, reforça-se a importância patrimonial da Cidade Velha, já reconhecida como Património da Humanidade”.
Segundo o mesmo porta-voz, “o acompanhamento técnico que está a ser feito esfarrapa por completo a imbecil atoarda atirada, despudoradamente, pelo PAICV de que os trabalhos de construção da rede de esgotos estão a ser feitos sem controlo de técnicos. Têm tanto azar esses senhores que, mal cospem para o ar, os factos se encarregam de reduzir à miséria os seus disparatados ataques e evidenciar a verdade do que realmente acontece no terreno. A Câmara não os teme porque tem segurança sobre o trabalho em curso. Digam menos asneiras, atirem para o caixote de lixo os mascarados interesses que os movem, e que muito em breve serão postos a descoberto, e deixem-nos trabalhar em paz”.
Aquele porta-voz reconheceu que os trabalhos causam, no imediato, alguns transtornos: para abrir as valas, é necessário interditar o trânsito, o que afecta algum comércio e as poucas unidades turísticas ainda existentes. “Mas de outra forma seria impossível fazer estes trabalhos, que são fundamentais para o desenvolvimento do Município e benefício da sua população. Temos consciência destas dificuldades e por isso queremos que os trabalhos se façam com rapidez, como de resto está acontecendo. Quanto ao absurdo de se pretender que a Câmara não pode fazer a execução directa destes trabalhos, sabemos bem que se pretende que avancemos para adjudicações, com encarecimento dos encargos, e quais as empresas interessadas que avancemos por isso caminho. Que o PAICV da Cidade Velha ponha as cartas na mesa para que todos percebam, de uma vez por todos, que interesses reais estão a mexer os seus cordelinhos”.
LIBERAL.SAPO.CV

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