BISSAU-O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, anunciou que o avião confiscado pelo Estado guineense por suspeita de transporte de carga ilícita será vendido, e os fundos reverterão para a construção de um centro de reabilitação de toxicodependentes.
"Já estamos em contacto com a Interpol, a ONUDC e países amigos para a venda do avião, porque queremos que seja um processo com toda a transparência", declarou Carlos Gomes Júnior.
"O produto da venda do avião será entregue ao Tesouro da Guiné-Bissau e depois veremos com o Ministério da Saúde a possibilidade de criar um centro de desintoxicação dos nossos jovens que hoje estão perdidos sem que os pais consigam meios para os recuperar para a sociedade".
Na passada terça-feira o Ministério Público da Guiné-Bissau mandou confiscar a favor do Estado guineense um avião suspeito de ter transportado em 2007 "carga ilícita", que o primeiro-ministro desconfia ter sido droga.
"O problema desta aeronave é bastante grave, aparentemente transportou droga para a Guiné-Bissau. A quantidade dos medicamentos que disseram que o avião trouxe foi para que hospital?", questionou Carlos Gomes Júnior. "Estamos a falar de um avião moderno, um Fokker da última geração, tínhamos as nossas dúvidas na condução do processo", durante a gestão do Ministério Público pelo antigo Procurador-Geral da Republica, Luís Manuel Cabral, acrescentou ainda Gomes Júnior.
"Havia já um despacho no sentido de mandar libertar o avião. Nós não somos juristas, mas achamos que um avião que entra no nosso país, e os agentes das alfândegas foram impedidos de inspeccioná-lo, até agentes da PJ portuguesa e da Interpol não foram autorizados (pelos militares) a inspeccionar o aparelho. Porquê?", questionou ainda o primeiro-ministro, recordando o evoluir do caso.
"O próprio piloto do avião é um arguido, com mandado de captura internacional, acusado de introdução de cinco toneladas de cocaína no México, como é que foi possível que esse indivíduo venha até à Guiné-Bissau e acaba por ser posto em liberdade, sob a alegação de que nada consta contra ele?", disse Carlos Gomes Júnior. "Esse indivíduo chega ao Mali, é imediatamente detido e extraditado para o México".
"Não somos o país mais democrático do mundo, mas tem de haver lei neste país. Dissemos ao Procurador na altura que o facto de o avião não ter sido inspeccionado para que se saiba o que realmente trouxe é uma transgressão grave, o que constituiu um crime de contrabando de mercadoria que não se sabe ao certo que era", defendeu ainda Carlos Gomes Júnior.
"Felizmente que o novo Procurador, Amine Saad debruçou-se sobre a nossa argumentação e mandou confiscar o avião a favor do Estado, sendo entregue ao ministério das Finanças", concluiu o primeiro-ministro guineense.
OJE/LUSA
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