SEF desmantela rede de casamentos fictícios
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) desmantelou ontem uma rede criminosa, transnacional, de casamentos fictícios que se dedicava, de forma organizada, ao negócio de angariação de mulheres portuguesas para simularem casamentos ou casarem de conveniência em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda e Alemanha com cidadãos estrangeiros, maioritariamente oriundos da Índia, Paquistão e Bangladesh, em situação de permanência ilegal ou precária no país.
Um indiano, um brasileiro e uma portuguesa angariavam mulheres pobres para casarem em Portugal, França, Espanha, Bélgica, Alemanha e Holanda com cidadãos indostânicos, com vista à legalização fraudulenta dos imigrantes. Há dez detidos. Investigação está nas mãos do DIAP de Lisboa.
LISBOA-
A operação Lua-de-Mel, desencadeada em simultâneo na Grande Lisboa, Porto, Almada e Setúbal, foi o culminar de uma investigação de 14 meses, e resultou na detenção de dez pessoas - dois indianos, um paquistanês, uma holandesa, um brasileiro e cinco portuguesas -, que vão ser ouvidos hoje no Tribunal de Instrução Criminal (TIC). Foram ainda constituídos arguidos dois indianos que moravam na casa de um dos principais suspeitos da rede e que casaram por conveniência com portuguesas em Vila do Rei e na Nazaré, há cerca de duas semanas.
A investigação prossegue agora sob coordenação do Departamento de Investigação e Acção Criminal (DIAP) de Lisboa, apoiada pelas autoridades dos estados membros envolvidos, Europol e Eurojust. Em causa estão os crimes de associação criminosa, associação de auxílio à imigração ilegal, auxílio à imigração ilegal, casamentos de conveniência, e falsificação ou contrafacção de documento, entre outros, perpetrados pelos suspeitos em Portugal.
25 mil euros por imigrante
A organização era liderada por um indiano, um brasileiro e pela mulher deste último, de nacionalidade portuguesa. Além dos casamentos de conveniência realizados em território nacional, o trio angariava mulheres portuguesas em zonas pobres e encaminhava-as para outros países - Espanha, França, Bélgica, Holanda e Alemanha. Aí casavam-se com cidadãos indostânicos ou faziam crer, perante as autoridades locais, que viviam em "união de facto" para que os imigrantes usufruíssem de um cartão de residência legal. Cada imigrante pagava pela regularização até €25.000.
A Direcção Central de Investigação do SEF apurou que as 'noivas' portuguesas recebiam entre mil e 3 mil euros para se deslocarem à Bélgica e à Holanda, aí permanecendo o tempo suficiente para a obtenção desse cartão. As viagens e as estadias nas residências-fachada eram asseguradas pela organização criminosa.
48 inspectores do SEF na operação
Na operação de ontem, que envolveu 48 inspectores do SEF, foram apreendidas centenas de documentos, nomeadamente comprovativos de avultados movimentos bancários, cartões de embarque dos suspeitos e das portuguesas angariadas para casar na UE, apostilhas da Convenção de Haia para atestar assentos de casamento portugueses nos países comunitários e agendas com contactos e anotações de viagens e valores envolvidos na actividade criminosa.
EXPRESSO.PT-Por Raquel Moleiro
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.