PRAIA-O facto de Cabo Verde surgir no 121º lugar na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) "não quer dizer que o país tenha regredido", afirmou ontem a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas na Cidade da Praia.
Petra Lantz, face à polémica entre governo e oposição sobre a queda de posições de Cabo Verde, disse aos jornalistas que o mais importante do Índice não é a classificação mas sim a abordagem que assenta em indicadores como esperança de vida à nascença, acesso global à educação e o produto nacional bruto (PNB) per capita, entre outros.
"No ano passado, houve uma grande revisão, em particular no indicador PNB per capita, que se traduz no poder de compra dos cidadãos. Mas, se virmos só a classificação, podemos dizer que, em 2007, Cabo Verde estava na 102ª posição, em 2008 no 118º e em 2009 no 121º", disse.
Petra Lantz explicou que, em termos objectivos, Cabo Verde caiu apenas três posições, descida que, no seu entender, pode ser explicada pela entrada de Estados como Andorra e Liechtenstein, que estão no "Top 30", e outros, como Guiné Equatorial, que, devido à descoberta de petróleo, subiu para o 118º lugar.
Em termos de pontuação, porém, Cabo Verde viu aumentar o seu desempenho em 0,004 pontos em relação ao Índice anterior, numa escala que varia de 0 a 1, sendo "1" o resultado ligado directamente aos países altamente desenvolvidos.
Cabo Verde atingiu a pontuação de 0,708, o que, segundo Petra Lantz, reflecte a tendência de aumento que o país tem vindo a registar desde 1990.
A diferença de interpretação do documento tem dividido governo e oposição, com o executivo de José Maria Neves a defender que Cabo Verde só caiu três posições na classificação e a oposição, sobretudo o Movimento para a Democracia (MpD), a garantir que o país desceu 19 posições.
A polémica surge numa altura em que as duas maiores forças políticas cabo-verdianas - Partido Africano da Independência e Cabo Verde (PAICV) e MpD - estão a eleger as novas lideranças. O PAICV reelegeu domingo José Maria Neves e o MpD elege Carlos Veiga no próximo.
A responsável do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde chamou a atenção para a importância da classificação ser analisada numa lógica de tendências a médio prazo e aponta um intervalo de cinco anos como satisfatória para a respectiva análise.
"Podemos notar que o índice aumentou se o medirmos com os dados revistos no ano passado. E o que se recomenda no relatório é que não se pode comparar um ano com o outro e devemos olhar a tendência num intervalo de cinco anos. Se olharmos para a tendência de Cabo Verde, podemos ver um desempenho positivo, porque está a crescer. Em 1990, o Índice era de 0,589 e este ano está em 0,708", afirmou.
A ONU, no relatório deste ano, que tem como lema "Ultrapassar as Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humano", trouxe para a discussão as vantagens mas também os problemas que decorrem dos processos migratórios.
Segundo o documento, o grau de desigualdades no acesso a oportunidades no mundo tem impactos no processo migratório, com consequências tanto para os países emissores como receptores.
OJE/LUSA
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