O escritor caboverdiano Mário Lúcio Sousa, mais conhecido fora do país como músico, foi o vencedor da segunda edição Prémio Literário Carlos de Oliveira, do município de Cantanhede, com a obra “O Novíssimo Testamento”, foi hoje anunciado.
Com um prémio pecuniário de 5 mil euros, a divulgação do galardão teve de ser adiada uns meses pelo facto de terem concorrido 67 originais de autores de países de língua portuguesa, nomeadamente de Cabo Verde e Brasil, além de Portugal, revelou à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal, João Moura.
Mário Lúcio Sousa disse à agência Lusa que não conhecia Carlos de Oliveira antes do prémio, ou que apenas leu e esqueceu, e que o galardão “é agora a dupla coroa” que o engrandece.“O prestígio dele é ouro, e o ouro neste caso é prestígio. Por isso sinto este prémio como uma distinção da literatura caboverdeana clandestina, essa que cochicha nas mãos dos imberbes. As ilhas produzem boas memórias. E quem teve a iniciativa de preservar memórias com esse prémio está a alimentar outras memórias”, acrescentou.
Na acta de atribuição do galardão o júri refere que a obra “se distingue de todas as outras apresentadas a concurso”, pela “grande originalidade da abordagem que faz ao religioso, o que evidencia um vasto conhecimento sobre o tema”, e pela “notável capacidade de escrita que se encontra bem patente na riqueza e vastidão do léxico utilizado”.
Mário Lúcio Sousa - acrescenta - retoma em “O Novíssimo Testamento” as Escrituras Sagradas, “reinventa-as por meio do recurso a um contrafactual herdado da teologia medieval, colocando a hipótese de Jesus ter sido mulher e explorando as vastas implicações e consequências dessa hipótese”.
O júri deste prémio, instituído pelo município e pela Fundação Carlos de Oliveira, foi formado por representantes das duas instituições, da Universidade de Coimbra e da Associação Portuguesa de Escritores. Entre eles figuravam os escritores Arsénio Mota e Cristóvão de Aguiar e os docentes da Faculdade de Letras de Coimbra Osvaldo Silvestre e António Apolinário Lourenço.
Nascido em 1964, Lúcio Matias de Sousa Mendes, com o nome artístico de Mário Lúcio, ou Mário Lúcio Sousa, possui já uma vasta carreira musical, tendo sido um dos fundadores e líder do extinto grupo “Simentera”, iniciando posteriormente uma carreira a solo já com três CD’s gravados, com colaborações de Gilberto Gil (Brasil) e de Luís Represas (Portugal).
É autor das seguintes obras literárias: “Nascimento de Um Mundo” (poesia, 1990) “Sob os Signos da Luz” (poesia, 1992), “Para Nunca Mais Falarmos de Amor” (poesia, 1999), “Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo” (Ficção, 2000 - prémio do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, 1ª edição), “Adão e As Sete Pretas de Fuligem” (teatro, 2001), “Vidas Paralelas” (romance, 2004), “Salon” (Teatro, 200)
SAPO.CV/LUSA
€ 5000,00, nada mau. E até parece que a obra é bem boa.
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