"O comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama no sentido de um mundo sem armas nucleares", declarou o presidente do Comité Novel norueguês, Thorbjoern Jagland.
Como Presidente, Barack Obama "criou um novo clima na política internacional", lê-se na citação da atribuição do prémio.
Com ele, acrescenta, "a diplomacia multilateral voltou a ganhar uma posição central, com ênfase no papel que as Nações Unidas e outras instituições internacionais podem desempenhar".
Além disso, devido à sua influência, "o diálogo e as negociações são preferidas como instrumentos para a resolução mesmo dos mais difíceis conflitos internacionais", sendo que "a visão de um mundo livre de armas nucleares estimulou poderosamente e as negociações de controlo de armas".
Graças à iniciativa de Obama, "os EUA estão agora a desempenhar um papel mais construtivo na abordagem dos grandes desafios das alterações climáticas que o mundo enfrenta" e "a democracia e os direitos humanos serão reforçados".
"Só muito raramente uma pessoa capturou como Obama a atenção do mundo e deu esperança ao seu povo num futuro melhor", lê-se ainda na citação.
O prémio tem um valor pecuniário de 10 milhões de coroas suecas e será entregue em Oslo, a 10 de Dezembro.
Obama sucede ao ex-Presidente finlandês Martti Athisaari, galardoado em 2008 pelo seu trabalho como mediador internacional.
Os “rivais”
Foi a maior lista de sempre de nomeações para o Prémio Nobel da Paz: 172 personalidades e 33 organizações estavam a concurso.
Morgan Tsanvirai, Primeiro-ministro do Zimbabwe, e a ex-refém das FARC, Ingrid Bettancourt, eram dos nomes favoritos, mas os dissidentes chineses Hu Jia e Gao Zhiseng também estavam bem colocados, numa lista onde pontuavam muitos russos: a uigure Rebiya Kadeer, a advogada tchetchena Lidia Yusúpova, o activista Serguéi Kovaliov ou a organização de direitos humanos Memorial.
As reacções
Numa primeira reacção, Barack Obama disse-se “honrado” com a escolha do Comité Nobel que lhe atribuiu o Prémio Nobel da Paz.
O secretário de imprensa da Casa Branca Robert Gibbs acordou Obama com a notícia de que o mundo estava surpreendido com a escolha do Presidente norte-americano. David Axelrod, conselheiro do chefe de Estado, sublinhou que o mundo estava “tão surpreendido como o próprio Obama”.
Na leitura do antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, o Comité Nobel apostou num impulso de esperança, e não em qualquer contributo concreto da nova administração norte-americana para a paz mundial.
Já para o actual titular da pasta da diplomacia nacional, Luís Amado, a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama é um incentivo e uma responsabilização do Presidente norte-americano pela concretização da sua ambiciosa agenda internacional: "Trata-se do reconhecimento de uma ambiciosa agenda que [Obama] impôs à vida política internacional - no sentido do desarmamento, no sentido também da diminuição das tensões que em algumas frentes se vinham manifestando -, mas também de uma responsabilização do Presidente americano por dar continuidade a essa agenda.
O antigo Presidente da República, Mário Soares, considerou hoje "absolutamente merecida" a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Barack Obama, que considerou "talvez a maior figura moral" da actualidade.
"É uma notícia que me dá um contentamento imenso e que é realmente admirável porque se há alguém que merece o Nobel da Paz é Barack Obama por aquilo que ele fez desde que foi eleito Presidente dos Estados Unidos", disse Mário Soares em declarações à Agência Lusa.
O bispo timorense D. Ximenes Belo considerou hoje que o prémio Nobel da Paz, atribuído ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "está muito bem entregue".
"É uma pessoa preocupada com o respeito pelos direitos humanos, pela convivência pacífica entre todos os povos, preocupado para que não haja intolerância", disse à Agência Lusa o administrador apostólico emérito de Díli, Timor-Leste, afirmando-se satisfeito, mas não surpreendido, pela distinção de Barack Obama.
Prémio Nobel da Paz em 1996, D. Ximenes Belo sublinhou que o galardoado pelo Comité Norueguês "representa uma esperança para a América e para o mundo".
Os Prémios Nobel são atribuídos desde 1901 e foram estabelecidos pelo cientista e inventor sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite, e têm como objectivo reconhecer o trabalho de pessoas em seis importantes áreas: Física, Química, Economia, Medicina, Literatura e Paz.
Este ano, o Nobel da Medicina foi entregue a três cientistas norte-americanos pelo seu estudo sobre a protecção dos cromossomas.
Os investigadores Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak, que começaram a sua pesquisa em 1980, foram premiados pela sua descoberta de como os cromossomas se copiam durante a divisão celular, um dos grandes enigmas da Biologia.
O Nobel da Física foi atribuído a Charles Kao, Willard Boyle e George Smith por trabalhos no domínio de semicondutores.
O prémio Nobel da Química foi atribuído aos norte-americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz e à israelita Ada Yonath por trabalhos sobre "a estrutura e a função do ribosoma", que fabrica as proteínas.
A escritora alemã Herta Müller, de 56 anos, foi galardoada com o Nobel da Literatura deste ano. A romancista, nascida na Roménia em 1953, é distinguida pela Academia sueca por ter "com a densidade da poesia e a franqueza da prosa, representado o universo dos deserdados".
Nos próximos dias, vão ainda ser conhecidos os prémios de Economia e Paz.
A nomeação é feita depois do Comité Nobel enviar milhares de convites para que universidades, institutos, antigos vencedores e outras personalidades escolham os seus favoritos nas diversas áreas.
Todos os prémios são entregues em Estocolmo, capital da Suécia, à excepção do Nobel da Paz que é entregue em Oslo, na Noruega.
RR.PT
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